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MARÉ BAIXA
Sobretaxa dos EUA derrubou vendas de camarão
Superávit de pescados recua 18% em 2004, mas deve subir neste ano
EDUARDO DE OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA
Apesar do aumento de 2,1% na
receita de exportações, o Brasil teve no ano passado uma redução
de 17,9% no superávit da balança
comercial do setor de pescados na
comparação com 2003.
O resultado foi puxado para baixo em razão da queda nas exportações do camarão e pelo aumento da importações, principalmente de salmão, bacalhau e sardinha.
A diminuição interrompeu a trajetória de alta verificada em 2002 e
2003, segundo dados disponíveis
na Seap (Secretaria Especial da
Aqüicultura e Pesca).
Em números absolutos, houve
redução de US$ 40,3 milhões no
saldo. De acordo com os números
da Seap, o superávit no ano passado foi de US$ 184,2 milhões, contra US$ 224,5 milhões em 2003.
O camarão é o principal produto da pauta brasileira de exportações de pescados, com peso médio de 52,5% no total dos negócios nos últimos três anos.
Relatório da Seap mostra que as
exportações do crustáceo em
2004 renderam US$ 219,3 milhões, contra US$ 244,8 milhões
no ano anterior, baixa de US$ 25,4
milhões (-10,4%).
O recuo ocorreu em grande parte devido ao processo antidumping movido por produtores
americanos contra os concorrentes brasileiros, que reduziu as exportações para os EUA, principal
comprador do camarão nacional.
Como punição ao Brasil, foi imposta uma sobretaxa média para
venda no mercado americano
que chegou a 36,9%, revista para
7,05% em janeiro último.
Com a redução da sobretaxa, o
setor no Brasil vive a expectativa
de aumento das vendas para o exterior neste ano, ocupando em
parte o espaço aberto pela Tailândia, que levará ao menos seis meses para recuperar as perdas que o
seu setor produtivo em cativeiro
teve com o maremoto que atingiu
o Sudeste da Ásia. O prejuízo dos
tailandeses, os maiores exportadores do mundo, é calculado em
US$ 500 milhões.
Mas esse crescimento vai depender de um aumento da produção nacional, que no ano passado
sofreu uma baixa influenciada pelo processo que culminou na sobretaxa. Além disso, uma virose
-que atacou fazendas de criação
no Piauí, no Ceará e no Rio Grande do Norte- e a falta de linhas
de crédito, especialmente aos pequenos e médios produtores,
contribuíram para a redução da
produção brasileira, baixando assim as vendas para o exterior.
O presidente da ABCC (Associação Brasileira de Criadores de
Camarão), Itamar Rocha, estima
que haja possibilidade de crescimento de 30% a 35% neste ano.
Ele disse que é "irrisório" para o
setor o impacto das perdas na
produção em Laguna (SC) provocadas pelo surto da doença virótica conhecida como "mancha
branca".
O presidente da ABCC prevê
ainda um aumento da cotação do
camarão no mercado internacional devido à redução na oferta
provocada pelos problemas enfrentados pelos países asiáticos
atingidos pelo maremoto.
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