São Paulo, terça-feira, 08 de fevereiro de 2005

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MARÉ BAIXA

Sobretaxa dos EUA derrubou vendas de camarão

Superávit de pescados recua 18% em 2004, mas deve subir neste ano

EDUARDO DE OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA

Apesar do aumento de 2,1% na receita de exportações, o Brasil teve no ano passado uma redução de 17,9% no superávit da balança comercial do setor de pescados na comparação com 2003.
O resultado foi puxado para baixo em razão da queda nas exportações do camarão e pelo aumento da importações, principalmente de salmão, bacalhau e sardinha. A diminuição interrompeu a trajetória de alta verificada em 2002 e 2003, segundo dados disponíveis na Seap (Secretaria Especial da Aqüicultura e Pesca).
Em números absolutos, houve redução de US$ 40,3 milhões no saldo. De acordo com os números da Seap, o superávit no ano passado foi de US$ 184,2 milhões, contra US$ 224,5 milhões em 2003.
O camarão é o principal produto da pauta brasileira de exportações de pescados, com peso médio de 52,5% no total dos negócios nos últimos três anos.
Relatório da Seap mostra que as exportações do crustáceo em 2004 renderam US$ 219,3 milhões, contra US$ 244,8 milhões no ano anterior, baixa de US$ 25,4 milhões (-10,4%).
O recuo ocorreu em grande parte devido ao processo antidumping movido por produtores americanos contra os concorrentes brasileiros, que reduziu as exportações para os EUA, principal comprador do camarão nacional.
Como punição ao Brasil, foi imposta uma sobretaxa média para venda no mercado americano que chegou a 36,9%, revista para 7,05% em janeiro último.
Com a redução da sobretaxa, o setor no Brasil vive a expectativa de aumento das vendas para o exterior neste ano, ocupando em parte o espaço aberto pela Tailândia, que levará ao menos seis meses para recuperar as perdas que o seu setor produtivo em cativeiro teve com o maremoto que atingiu o Sudeste da Ásia. O prejuízo dos tailandeses, os maiores exportadores do mundo, é calculado em US$ 500 milhões.
Mas esse crescimento vai depender de um aumento da produção nacional, que no ano passado sofreu uma baixa influenciada pelo processo que culminou na sobretaxa. Além disso, uma virose -que atacou fazendas de criação no Piauí, no Ceará e no Rio Grande do Norte- e a falta de linhas de crédito, especialmente aos pequenos e médios produtores, contribuíram para a redução da produção brasileira, baixando assim as vendas para o exterior.
O presidente da ABCC (Associação Brasileira de Criadores de Camarão), Itamar Rocha, estima que haja possibilidade de crescimento de 30% a 35% neste ano. Ele disse que é "irrisório" para o setor o impacto das perdas na produção em Laguna (SC) provocadas pelo surto da doença virótica conhecida como "mancha branca".
O presidente da ABCC prevê ainda um aumento da cotação do camarão no mercado internacional devido à redução na oferta provocada pelos problemas enfrentados pelos países asiáticos atingidos pelo maremoto.


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