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OPINIÃO ECONÔMICA
Previdência: déficit e inativos
REMÍGIO TODESCHINI
O atual modelo econômico
proposto pelo governo FHC só
tem aumentado a exclusão em
nosso país, com maior número
de desempregados, diminuição
dos direitos sociais e crescente
pobreza. Em mais um pedaço
da reforma previdenciária, para submeter-se às diretrizes do
Banco Mundial e do Fundo
Monetário Internacional, vem
o governo querer estabelecer a
contribuição dos aposentados
no serviço público, via nova
emenda constitucional.
Interessante que o modelo do
FMI é favorecer a privatização
do sistema previdenciário estimulando cada vez mais fundos
de pensão geridos pelo capital
financeiro internacional. Poupança interna que será sugada
pelos "especuladores internacionais", como foi e está sendo
no caso chileno. Os aposentados
com menos dinheiro, já com sua
vida combalida e necessitando
de cuidados e atenção na sua
velhice, serão tungados, agravando ainda mais a distribuição de renda, não fortalecendo
o mercado e a produção interna. Continuamos caindo no ridículo da globalização excludente e da dependência internacional.
É preciso diminuir o déficit da
Previdência, alardeia a todo
momento o governo. Mas perguntamos: onde estão os mais
de US$ 50 bilhões usados pelo
governo desde o início do Regime Geral de Previdência Social
utilizados nos últimos 50 anos?
Por que não combater firmemente a sonegação e a inadimplência de patrões e do próprio
governo? Por que o governo,
que sempre exigiu a contribuição no regime privado de patrões e empregados, nunca contribuiu com um tostão para os
sistemas previdenciários públicos? Por que o ministro Waldeck Ornélas fala em bilhões de
déficit quando consente no corte feito pelo Ministério da Fazenda, feito via Fundo de Estabilização Fiscal, de mais de R$
18 bilhões das contribuições sociais só no ano de 1998? Os números apresentados pelo próprio governo são mentirosos
quando excluem 20% das contribuições sociais do cômputo
da Previdência, Saúde e Assistência Social e se omite ao não
cobrar a dívida previdenciária
de governantes e empresários
sonegadores e inadimplentes
dependentes dos favores do governo.
O governo não pode fazer coro permanente e subserviente
ao FMI, ao apontar os aposentados como vilões da história. É
bom recordar que primeiro os
aposentados fizeram jus ao benefício conforme disposições
constitucionais, tendo portanto
um direito adquirido de gozar
as suas aposentadorias sem desconto, a não ser os descontos decorrentes do Imposto de Renda.
A CUT, desde 1995, propôs um
modelo único de Previdência,
para servidores públicos e privados até 20 salários mínimos,
com fundos de pensão complementares, e principalmente tem
estabelecido que a Previdência
precisa ser gerida diretamente
pelos principais atores que dela
vivem: trabalhadores, aposentados e empresários. Não é com
a redução no cálculo das aposentadorias, conforme lei do fator previdenciário, nem com
contribuições dos aposentados
que vamos resolver os problemas da Previdência. Também
não é com créditos milionários
(BNDES) dados pelo governo
no processo de privatização em
curso, ou salvamento milionário do sistema bancário via
Proer, mas poderemos superar
a crise com uma política econômica de crescimento, geradora
de emprego e renda e de atenção a todos os beneficiários no
sistema previdenciário, público
ou privado.
Remígio Todeschini, 44, advogado, é tesoureiro da CUT Nacional e coordenador
do Coletivo Nacional de Saúde, Trabalho e
Meio Ambiente da CUT.
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