São Paulo, sexta-feira, 08 de março de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CARROS

Indústria reclama de que necessidade de aprovação de Argentina e Uruguai para a redução de tarifas limita vendas

Mercosul trava exportações, diz Anfavea

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil poderia exportar muito mais veículos para países como o México, não fosse a necessidade de o governo brasileiro precisar da aprovação da Argentina e Uruguai para fechar acordos externos de redução tarifárias. A crítica foi feita ontem por Ricardo Luiz dos Santos Carvalho, presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), ao se referir aos problemas que o país enfrenta para se entender com o Mercosul.
"Há meses o México e o Brasil já se entenderam para reduzir progressivamente os impostos de importação de veículos brasileiros de 23% para 8%. Mas o acordo não sai por causa da situação delicada da Argentina e seus receios com alguns entendimentos comerciais", desabafou Carvalho.
Um dos entraves para o acordo em bloco do México com o Mercosul seriam as exigências que o governo mexicano faz para que os países do Cone Sul abram suas fronteiras para produtos químicos e eletroeletrônicos. Trata-se de uma contrapartida diante do bom desempenho que o Brasil tem registrado nas vendas de veículos, chassis e autopeças para o México. "Nossas exportações para aquele país cresceram de US$ 348 milhões para US$ 1,113 bilhões entre 1998 e 2001, enquanto as vendas do México para o Brasil se expandiram de US$ 131 milhões para US$ 208 milhões."
Carvalho afirmou que já existe um superávit a favor do Brasil em produtos automotivos, e os mexicanos querem compensar exportando outros produtos para cá. "Mas a situação frágil da Argentina atrapalha a aprovação dos acordos bilaterais. Isso apesar de que a própria Argentina seria beneficiada com maiores facilidades para exportar veículos."
Carvalho afirmou que não estava criticando o Mercosul, mas levava em consideração que "os países do bloco não podem prejudicar os acordos internacionais do Brasil". Ele lembrou que a Argentina teve um superávit de US$ 600 milhões nas vendas de veículos, máquinas agrícolas e autopeças para o Brasil em 2001, contra os US$ 200 milhões de 1998. Isso porque a Argentina tem enfrentado uma brutal queda de poder aquisitivo nos últimos anos e direcionado a produção para cá.

Retomada das exportações
Apesar dos problemas de entendimento com o Mercosul, as montadoras brasileiras conseguiram aumentar suas exportações em unidades em 27,1% em fevereiro, em relação a janeiro passado. O número de veículos somou 23.288 unidades, o equivalente a US$ 240,6 milhões. Nos dois primeiros meses de 2002, o total atingiu 41.610 veículos.
Houve retração de 1% sobre as 42.032 unidades do primeiro bimestre de 2001, pois naquele período a economia global estava aquecida. Já as exportações de máquinas agrícolas aumentaram 34,6% em janeiro e fevereiro em relação ao mesmo período de 2001.



Texto Anterior: Vivém das commodities
Próximo Texto: Venda cresce em fevereiro, mas não entusiasma
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.