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DRAGÃO DOMADO
Índice acumulado em 12 meses já é o menor desde 99; resultado, porém, frustrou previsão do mercado
IPCA aponta queda da inflação para 0,47% em março
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Sob efeito do final do período de
reajustes das mensalidades escolares, o IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo) cedeu em
março, embora vários preços tenham apontado repasses do atacado para o varejo. A taxa ficou
em 0,47% -menor do que o
0,61% de fevereiro-, segundo o
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em 12 meses, o índice acumulado ficou em 5,89%, no menor nível desde agosto de 1999 (5,69%).
Está, porém, um pouco mais alto
do que o centro da meta de inflação do BC (Banco Central), de
5,5% em 2004. No primeiro trimestre, o IPCA registrou alta de
1,85%, contra 5,13% no mesmo
período de 2003. Com o resultado, 35% da meta deste ano já está
comprometida.
A meta de inflação tem uma
margem de tolerância de 2,5 pontos percentuais, para mais ou para
menos, mas o Banco Central insiste em perseguir o centro da meta de inflação.
Apesar do recuo, o IPCA ficou
acima da média das previsões do
mercado, que eram de 0,43%.
Além disso, produtos como automóveis novos (que tiveram uma
alta de 2,33%), eletrodomésticos
(1,76%), óleo de soja (7,60%),
ovos (6,86%) e café (3,55%) sofreram contágios dos aumentos do
atacado.
Eulina Nunes dos Santos, gerente do Departamento de Índices de Preço do IBGE, afirmou
que as altas no atacado estão se refletindo agora no varejo, mas que
"não há sinais de descontrole da
inflação". "Não existem evidências de inflação generalizada. São
só alguns itens que tiveram aumento", afirmou.
Repasses
Especialistas ouvidos pela Folha
concordam que os repasses estão
acontecendo de forma moderada
e contida, embora afirmem que
eles são motivo de atenção do BC.
"Os repasses são pequenos e limitados", afirmou Ana Paula Almeida, economista da Tendências
Consultoria.
Já Ricardo Denadai, economista
da consultoria LCA, afirmou que
o BC terá "pouco espaço para manejar a política monetária", considerando a inflação acumulada no
trimestre e a concentração de reajustes de tarifas no início do segundo semestre.
Apesar disso, Denadai considera que há espaço para a redução
dos juros nos próximos meses,
ainda que a queda seja numa velocidade mais lenta.
Para Carlos Thadeu de Freitas
Filho, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), os aumentos que estão acontecendo
caracterizam pressões de oferta
-ou seja, algo pontual e passageiro. "Nada tem a ver com inflação de demanda, o que realmente
preocupa o BC. A renda em queda
não permite um crescimento do
consumo", afirmou.
Em março, puxaram o índice
para cima os reajustes de cigarros
(4,76%), taxas de esgoto (2,62%) e
gás de cozinha (1,51%). Pressionados pelo atacado, os alimentos
subiram 0,43%, numa alta maior
do que a de fevereiro (0,15%).
Na outra ponta, contribuíram
para a redução do IPCA o fim da
pressão das mensalidades escolares -subiram 8,11% em fevereiro
e tiveram alta de 0,66% em março.
Também teve um impacto importante a queda dos preços do
álcool combustível (12,87%) e da
gasolina (1,41%), em conseqüência da boa safra de cana.
Novos recuos
No segundo trimestre, os economistas prevêem um recuo da
inflação, pois não estão programados reajustes de tarifas públicas, e o período é de pico da safra
agrícola.
Sazonalmente, disse Denadai, a
inflação é mais alta nos dois primeiros meses do ano por causa da
alta dos colégios e do efeito das
chuvas sobre os alimentos.
Em 2003, porém, a inflação acumulada subiu até maio por causa
do choque cambial do final de
2002, ocasionado pelas eleições.
Para o segundo trimestre, especialistas esperam uma inflação
menor. Freitas Filho estima que
ficará em cerca de 0,35% ao mês.
A Tendências espera um IPCA de
0,4% em abril.
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