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FINANCIAMENTO
Ministro do Desenvolvimento vê diferenciação do BNDES como sinal de que o país discrimina empresas de fora
Furlan é contra juro maior para estrangeira
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, a cujo
comando está subordinado o
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), vem sendo, no governo, o
maior opositor da cobrança de juros mais altos às empresas estrangeiras, conforme está previsto nas
políticas operacionais do banco
em vigor desde 1º de março.
Segundo a Folha apurou, o ministro chegou a manifestar sua
discordância em uma das últimas
reuniões do conselho de administração do banco de fomento.
Furlan ponderou que a diferença de taxas sinalizava para os investidores estrangeiros que o Brasil estava discriminando as empresas de fora do país. Apesar da
ponderação, Furlan não chegou a
propor mudanças na política.
Ontem, o jornal "Valor" publicou reportagem segundo a qual o
governo federal havia determinado ao BNDES a mudança da regra. À tarde, a assessoria de imprensa negou que o banco tivesse
recebido a ordem.
"O BNDES continua praticando
a política operacional que entrou
em vigor no dia 1º de março. Não
recebeu nenhuma determinação
do presidente da República para
atuar de forma diferente", diz a
informação oficial ditada pela assessoria do banco.
Conforme a Folha publicou no
dia 2 de março deste ano, as novas
políticas operacionais do BNDES
determinam a cobrança de juros
mais altos nos empréstimos para
empresas com controle de capital
estrangeiro.
Nos empréstimos diretos (financiamentos do banco sem intermediação de outro agente financeiro), por exemplo, as micro,
pequenas e médias empresas nacionais pagam juros máximos de
2,5% ao ano. As grandes empresas de capital nacional pagam até
4,5%. As de capital estrangeiro,
até 5,5% ao ano.
Antes, as políticas do banco só
diferenciavam por origem do capital os empréstimos para áreas
passíveis de incentivos regionais
-basicamente as regiões Norte,
Nordeste e Centro-Oeste.
Palocci também é contra
O ministro da Fazenda, Antonio
Palocci Filho, também é contra a
cobrança de juros maiores para
empresas estrangeiras. "A Constituição ultrapassou essa diferenciação" [entre empresas nacionais e estrangeiras], afirmou Palocci, ao conversar ontem com
jornalistas brasileiros em Paris.
Além do argumento institucional, o ministro usou outro, mais
prático, para criticar a intenção
do banco: "Não há sentido hoje
em fazer essa diferença, quando,
das 500 maiores multinacionais
em operação no mundo, 450 estão instaladas no Brasil".
Colaborou Clóvis Rossi,
colunista da Folha
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