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Dilma diz que não consegue gastar no PAC
"Temos os recursos", diz ministra, após divulgar balanço revelando que 47% dos projetos do programa têm dificuldade
Para governo, questão ambiental é maior entrave, mas plano enfrenta falta de projetos e coordenação com Estados e municípios
Sergio Lima/Folha Imagem
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O ministro Guido Mantega, durante o balanço do PAC ontem |
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Das 1.646 medidas prometidas pelo governo, em janeiro,
para turbinar o crescimento do
país no segundo mandato do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, só metade conseguiu
avançar, com boas chances de
serem concretizadas dentro do
prazo previsto inicialmente.
O resto de obras, estudos e
projetos do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento),
47,5%, enfrenta diferentes
graus de riscos que podem
comprometer sua execução.
Segundo balanço dos primeiros quatro meses do programa,
864 ações do PAC (52,5%) ganharam o selo positivo da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), coordenadora do programa. Isso equivale a R$ 308,9 bilhões (61,3%) dos R$ 503,9 bilhões que o governo prometeu
investir até 2010.
Classificados de preocupante
e com um carimbo vermelho à
frente estão 138 obras, projetos
ou estudos (8,4% do total), com
investimentos totais de 2007 a
2010 de R$ 45,8 bilhões.
O governo não divulgou ontem a lista completa dessas
obras. Listou sete: as usinas hidrelétricas de Jirau, Santo Antônio, Pai Querê e Baixo Iguaçu, o gasoduto Urucu-Manaus,
a linha de transmissão de energia Palhoça/Desterro e o aeroporto de Vitória. Quatro delas,
as usinas, por falta de licenças
ambientais.
O restante dos empreendimentos, 644 (39,1% do total),
foi carimbado de amarelo por
Dilma por merecer "atenção"
devido a pequenos atrasos no
cronograma das obras ou riscos
como licenças ambientais, análise de editais pelo TCU (Tribunal de Contas da União) e fornecimento de equipamentos.
Entre as obras com carimbo
amarelo o governo colocou a
transposição das águas do rio
São Francisco. Dilma disse que
ela poderia estar com sinal verde, mas o governo preferiu incluí-la no grupo que necessita
de atenção especial por considerá-la prioritária.
Em seu balanço, o governo
procurou dar uma avaliação
mais positiva do PAC ao considerar com andamento satisfatório tanto os empreendimentos com rendimento adequado
como os que merecem atenção,
o que totaliza 91,6% do total.
Segundo Dilma, o maior entrave do PAC nesses primeiros
meses são questões ambientais. É o caso, por exemplo, da
falta de licença ambiental para
as hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira, que
provocaram críticas de Lula ao
setor ambiental do governo.
Mas o governo também enfrenta problemas com a falta de
projetos e de coordenação com
Estados e municípios, que estão comprometendo a área de
infra-estrutura social e urbana,
freqüentemente citada pelo governo como a que poderá contribuir para reduzir a desigualdade social, um dos objetivos
do PAC. Esses projetos incluem, além de saneamento e
habitação, metrôs e urbanização de favelas.
"Temos recursos"
"Temos os recursos, mas todo um processo que não gerou a
quantidade de projetos necessário", justificou Dilma.
Essas dificuldades, além de
atraso na liberação de recursos
orçamentários, fizeram com
que o governo gastasse muito
pouco do Orçamento deste ano.
De um total de quase R$ 16
bilhões em investimentos previstos no PAC, só R$ 1,920 bilhão (12% do total) já foi devidamente comprometido para
as respectivas obras, o que no
jargão é chamado de empenho.
O governo alega, porém, que
até o momento tem autorização para gastar R$ 9,5 bilhões
do PAC com recursos orçamentários até que o Congresso
aprove aumento de verbas do
PPI (Projeto Piloto de Investimentos). Com essa conta, o valor empenhado já estaria em
20%, acima do valor usado em
anos anteriores.
Segundo antecipou a Folha,
às vésperas de soltar o primeiro
balanço do programa, o governo pisou no acelerador e aumentou em quase R$ 1 bilhão
os empenhos realizados.
Apesar dos entraves, o governo avalia que o desempenho é
favorável até agora. "Os objetivos estabelecidos foram, de
modo geral, conseguidos", afirmou o ministro Guido Mantega (Fazenda). "Optamos por
uma posição conservadora no
balanço", destacou a ministra
Dilma.
O principal instrumento do
PAC para acelerar o desenvolvimento no país é o aumento
dos investimentos, sobretudo o
privado.
"Instinto animal"
Isso, segundo Mantega, está
sendo conseguido porque o
programa "despertou o espírito
animal empreendedor do empresariado para ele buscar ousar e confiar que será bem-sucedido".
Da agenda legislativa associada ao PAC, apenas uma proposta já foi convertida em lei, a
que destina R$ 452 milhões para a extinção da Rede Ferroviária Nacional e a liquidação da
Companhia de Navegação do
São Francisco.
Estão no Congresso oito medidas provisórias que precisam
ser votadas até o final deste
mês para não perderem a validade, cinco projetos de lei
-dois dos quais parados desde
o início do ano- e uma série de
outras iniciativas emperradas
há anos e listadas no pacote oficial do governo.
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