São Paulo, quinta-feira, 08 de junho de 2000


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VIZINHO EM CRISE
Secretário de Finanças do país diz que receita com impostos não deve se confirmar por causa da deflação
Arrecadação da Argentina será menor

VANESSA ADACHI
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo da Argentina vai reduzir a meta de crescimento de US$ 1,9 bilhão da arrecadação para este ano. A informação foi confirmada ontem em São Paulo pelo secretário de Finanças do país, Daniel Marx.
"Estamos monitorando esse número porque a previsão levava em conta uma inflação de 1% e estamos tendo deflação", afirmou Marx em resposta à pergunta da Folha. Isso significa que a arrecadação deverá ser menor.
Há pouco mais de uma semana a Argentina anunciou um novo corte de gastos -de US$ 938 milhões- com o objetivo de cumprir as metas de déficit fiscal acertadas com o FMI (Fundo Monetário Internacional). A revisão da meta de arrecadação representa um novo fator de desequilíbrio nas contas do país.
O programa de redução do déficit público federal para fechar o ano dentro dos US$ 4,7 bilhões acertados com o Fundo tem três componentes.
Uma redução de gastos total de US$ 1,7 bilhão, uma economia das Províncias de US$ 1 bilhão por conta de um pacto federativo fechado em dezembro e um aumento de arrecadação de US$ 1,9 bilhão por conta do pacote fiscal baixado em janeiro.
Uma alteração em qualquer dessas pontas desequilibra o pacote inteiro. Segundo Marx, o governo já estuda alguma compensação para essa perda.
"A compensação pode vir de operações que gerem caixa", afirmou ele, sem dar maiores detalhes. Uma operação para gerar caixa seria, provavelmente, a venda de algum ativo do governo.
A ponta da arrecadação não está ameaçada apenas pela deflação. A economia do país custa a reagir e isso dificulta a maior arrecadação.
Nos primeiros cinco meses do ano a arrecadação cresceu apenas 0,4%. Em maio, a reação foi maior, com crescimento de 4,2% sobre 99. Ainda assim, a arrecadação em maio ficou em US$ 4,34 bilhões, US$ 180 milhões abaixo do previsto no acordo com o FMI.
A aposta do governo argentino é que a economia reagirá no segundo semestre e a estimativa de crescimento em torno de 3,5% a 4% será atingida. "Primeiro as exportações estão reagindo, depois será o consumo interno", afirmou o secretário de Defesa da Concorrência, Carlos Winograd.
Os dois secretários falaram ontem em São Paulo a empresários e analistas sobre o pacote fiscal e as perspectivas do país.

Troca de títulos
O governo argentino anuncia hoje o resultado de uma operação de troca de títulos da dívida externa feita ontem. Foram trocados títulos da dívida externa renegociada (bônus brady, como Par, Discount e FRB) por novos títulos com prazo de 15 anos.
O mercado estimava ontem que o volume trocado teria ficado em torno de US$ 1,5 bilhão a US$ 2 bilhões. Essa troca gerará uma receita para a Argentina porque os bônus brady tinham como garantia os títulos do Tesouro dos EUA que poderão ser vendidos.



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