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VIZINHO EM CRISE
Secretário de Finanças do país diz que receita com impostos não deve se confirmar por causa da deflação
Arrecadação da Argentina será menor
VANESSA ADACHI
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo da Argentina vai reduzir a meta de crescimento de
US$ 1,9 bilhão da arrecadação para este ano. A informação foi confirmada ontem em São Paulo pelo
secretário de Finanças do país,
Daniel Marx.
"Estamos monitorando esse
número porque a previsão levava
em conta uma inflação de 1% e estamos tendo deflação", afirmou
Marx em resposta à pergunta da
Folha. Isso significa que a arrecadação deverá ser menor.
Há pouco mais de uma semana
a Argentina anunciou um novo
corte de gastos -de US$ 938 milhões- com o objetivo de cumprir as metas de déficit fiscal acertadas com o FMI (Fundo Monetário Internacional). A revisão da
meta de arrecadação representa
um novo fator de desequilíbrio
nas contas do país.
O programa de redução do déficit público federal para fechar o
ano dentro dos US$ 4,7 bilhões
acertados com o Fundo tem três
componentes.
Uma redução de gastos total de
US$ 1,7 bilhão, uma economia das
Províncias de US$ 1 bilhão por
conta de um pacto federativo fechado em dezembro e um aumento de arrecadação de US$ 1,9
bilhão por conta do pacote fiscal
baixado em janeiro.
Uma alteração em qualquer
dessas pontas desequilibra o pacote inteiro. Segundo Marx, o governo já estuda alguma compensação para essa perda.
"A compensação pode vir de
operações que gerem caixa", afirmou ele, sem dar maiores detalhes. Uma operação para gerar
caixa seria, provavelmente, a venda de algum ativo do governo.
A ponta da arrecadação não está
ameaçada apenas pela deflação. A
economia do país custa a reagir e
isso dificulta a maior arrecadação.
Nos primeiros cinco meses do
ano a arrecadação cresceu apenas
0,4%. Em maio, a reação foi
maior, com crescimento de 4,2%
sobre 99. Ainda assim, a arrecadação em maio ficou em US$ 4,34
bilhões, US$ 180 milhões abaixo
do previsto no acordo com o FMI.
A aposta do governo argentino
é que a economia reagirá no segundo semestre e a estimativa de
crescimento em torno de 3,5% a
4% será atingida. "Primeiro as exportações estão reagindo, depois
será o consumo interno", afirmou
o secretário de Defesa da Concorrência, Carlos Winograd.
Os dois secretários falaram ontem em São Paulo a empresários e
analistas sobre o pacote fiscal e as
perspectivas do país.
Troca de títulos
O governo argentino anuncia
hoje o resultado de uma operação
de troca de títulos da dívida externa feita ontem. Foram trocados títulos da dívida externa renegociada (bônus brady, como Par, Discount e FRB) por novos títulos
com prazo de 15 anos.
O mercado estimava ontem que
o volume trocado teria ficado em
torno de US$ 1,5 bilhão a US$ 2 bilhões. Essa troca gerará uma receita para a Argentina porque os
bônus brady tinham como garantia os títulos do Tesouro dos EUA
que poderão ser vendidos.
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