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ENERGIA
Distorção ocorre devido a subsídio que era concedido aos consumidores industriais, mas que o governo está eliminando
Casas pagam mais por luz que indústrias
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os consumidores residenciais
pagam tarifas proporcionalmente
maiores do que os consumidores
industriais. A distorção tarifária
funciona como subsídio cruzado,
pelo qual o consumidor residencial paga mais caro, para que a indústria tenha preços menores.
Na terça-feira da semana passada, o governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin (PSDB), aumentou a faixa de isenção da cobrança de ICMS na conta de luz.
Antes, estava isento do imposto
quem consumisse até 50 kWh
mensais. O limite da faixa de isenção aumentou para até 90 kWh.
Segundo o governo paulista, a
medida beneficiará cerca de 1,5
milhão de domicílios, além do 1,6
milhão que já eram isentos.
Desde 2003, o governo federal
começou a aplicar um processo
de realinhamento tarifário nos
reajustes anuais com o objetivo de
pôr fim ao subsídio que encarece
a tarifa cobrada dos consumidores residenciais. O processo é gradativo e será completado em
2007. Até lá, as tarifas cobradas da
indústria terão reajuste maior que
as cobradas das residências.
Estudo feito pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica)
indica que, ao longo do processo
de realinhamento tarifário, o preço da energia cobrada do consumidor residencial teria uma redução média de 12,38%. A da indústria, um aumento de até 41,12%.
Isso significa que, se não houvesse nenhuma outra variável envolvida na correção das tarifas
(como reajustes pelo IGP-M e repasses de outros custos do setor) e
o processo de realinhamento fosse aplicado de uma só vez, haveria
uma queda de 12,38% na tarifa do
consumidor residencial e alta de
41,12% para a indústria.
Na prática, como as tarifas são
corrigidas anualmente, não há essa diminuição. O aumento é menor para os clientes residenciais e
maior para os industriais.
Em abril, por exemplo, as tarifas
da CPFL (Companhia Paulista de
Força e Luz, que atende aproximadamente 3 milhões de clientes
no interior paulista) aumentaram
3,42% para consumidores residenciais e 17,93% para a indústria.
Ou seja, a tarifa subirá de qualquer maneira, mas os aumentos
-causados por reajustes anuais
previstos nos contratos- serão
menores para os consumidores
residenciais e maiores para os
consumidores comerciais e industriais durante o processo de
realinhamento. Isso porque, mesmo com a extinção dos subsídios,
as tarifas continuarão a ser corrigidas normalmente.
Consumidores residenciais têm
tarifas mais altas porque pagam
mais para custear o sistema de
distribuição de energia. O realinhamento tarifário visa fazer com
que os consumidores industriais e
residenciais paguem o mesmo para manter a distribuição.
Indústria
O reajuste da tarifa de energia
poderá significar um aumento
médio de custo de 1,8% para setores da indústria nos quais a energia elétrica representa aproximadamente 12% dos custos de produção (como fabricação de papel
e metalurgia), segundo avaliação
feita pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Segundo Saturnino Sérgio da
Silva, vice-presidente da entidade
e diretor do departamento de infra-estrutura, o principal problema não é o realinhamento tarifário. "O problema é que o preço
atual da energia não remunera
novos investimentos em geração
de energia e, por isso, nos leilões
de energia nova, deverá haver aumento de preços", disse.
Ou seja, para investir em novas
usinas, o setor privado pedirá preços maiores para a energia. Para
evitar esse impacto, a indústria
propõe ao governo que tente frear
essa subida de preços impedindo
que ele incida sobre a parcela da
energia que é imposto. Para a
Fiesp, essa parcela atinge 50,5%
do preço.
Em abril de 2003, para evitar
que o processo de realinhamento
tarifário levasse a aumentos de
custo para a indústria, inflação,
perda de competitividade e queda
nas exportações, o governo decidiu diminuir o ritmo da redução
do subsídio pago pelos consumidores residenciais de energia à indústria.
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