São Paulo, domingo, 08 de junho de 2008

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Nos EUA, companhias devem parar 350 aviões

DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL

As cinco principais companhias americanas deverão paralisar 350 aeronaves nos próximos 12 meses, segundo cálculos do consultor em aviação Paulo Bittencourt Sampaio, com base nas informações já divulgadas pelas empresas. O total representa quase o dobro do total da frota prevista das duas principais companhias brasileiras para o fim deste ano.
Dados da ATA (Air Transport Association), que reúne mais de 90% do mercado americano de empresas de transporte de passageiros e de carga, mostram que desde o final do ano passado oito empresas americanas já anunciaram o fim das operações, e uma delas entrou em recuperação judicial.
De acordo com Sampaio, a retirada das aeronaves em operação é resultado de um ajuste das empresas por conta do aumento dos combustíveis e da crise norte-americana. "A redução da frota vai resultar em um aumento da taxa de ocupação das aeronaves, o que facilita os ajustes de tarifas", disse. O consultor afirma que o movimento é similar ao que ocorreu no primeiro choque do petróleo, em 1973, e após os atentados do 11 de Setembro.
"Nesses casos, as empresas param os aviões mais antigos, menos eficientes e colocam as aeronaves no deserto do Arizona, onde o ar seco evita a deterioração mais rápida do equipamento", disse. Segundo o consultor, guardadas as devidas proporções, movimento similar ocorre no Brasil com a retirada de aeronaves menos eficientes, como o Fokker-100, no caso da TAM, e o Boeing-737-300, no caso da Gol.
Relatório da ATA afirma que as conseqüências da crise incluem o fim dos serviços aéreos em 60 comunidades nos EUA e mais o risco de fim de operações em outros 40 locais. A previsão até agora é de cortes da ordem de 14 mil funcionários. As companhias americanas esperam gastar US$ 61 bilhões em combustível no ano, um patamar US$ 20 bilhões maior do que o gasto no ano passado.
Para André Castellini, consultor especializado em aviação da consultoria Bain & Company, a crise deve acelerar os processos de fusões e aquisições nos Estados Unidos. "As fusões facilitam a redução da capacidade de forma coordenada e a busca por sinergias administrativas. Já ocorreu a da Delta com a Northwest, e havia comentários sobre a possibilidade de negociação da United com a US Airways", lembra.
Em nota divulgada no início deste mês, a Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo) afirma que, devido aos aumentos recordes observados no querosene de aviação, reviu sua projeção para o resultado das empresas ligadas à entidade: de um lucro de US$ 4,5 bilhões, como havia sido divulgado em março, para um prejuízo de US$ 2,3 bilhões.


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