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Nos EUA, companhias devem parar 350 aviões
DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL
As cinco principais companhias americanas deverão paralisar 350 aeronaves nos próximos 12 meses, segundo cálculos do consultor em aviação
Paulo Bittencourt Sampaio,
com base nas informações já divulgadas pelas empresas. O total representa quase o dobro do
total da frota prevista das duas
principais companhias brasileiras para o fim deste ano.
Dados da ATA (Air Transport
Association), que reúne mais
de 90% do mercado americano
de empresas de transporte de
passageiros e de carga, mostram que desde o final do ano
passado oito empresas americanas já anunciaram o fim das
operações, e uma delas entrou
em recuperação judicial.
De acordo com Sampaio, a
retirada das aeronaves em operação é resultado de um ajuste
das empresas por conta do aumento dos combustíveis e da
crise norte-americana. "A redução da frota vai resultar em
um aumento da taxa de ocupação das aeronaves, o que facilita
os ajustes de tarifas", disse. O
consultor afirma que o movimento é similar ao que ocorreu
no primeiro choque do petróleo, em 1973, e após os atentados do 11 de Setembro.
"Nesses casos, as empresas
param os aviões mais antigos,
menos eficientes e colocam as
aeronaves no deserto do Arizona, onde o ar seco evita a deterioração mais rápida do equipamento", disse. Segundo o consultor, guardadas as devidas
proporções, movimento similar ocorre no Brasil com a retirada de aeronaves menos eficientes, como o Fokker-100, no
caso da TAM, e o Boeing-737-300, no caso da Gol.
Relatório da ATA afirma que
as conseqüências da crise incluem o fim dos serviços aéreos
em 60 comunidades nos EUA e
mais o risco de fim de operações em outros 40 locais. A previsão até agora é de cortes da
ordem de 14 mil funcionários.
As companhias americanas esperam gastar US$ 61 bilhões
em combustível no ano, um patamar US$ 20 bilhões maior do
que o gasto no ano passado.
Para André Castellini, consultor especializado em aviação
da consultoria Bain & Company, a crise deve acelerar os
processos de fusões e aquisições nos Estados Unidos. "As
fusões facilitam a redução da
capacidade de forma coordenada e a busca por sinergias administrativas. Já ocorreu a da Delta com a Northwest, e havia comentários sobre a possibilidade de negociação da United
com a US Airways", lembra.
Em nota divulgada no início
deste mês, a Iata (Associação
Internacional de Transporte
Aéreo) afirma que, devido aos
aumentos recordes observados
no querosene de aviação, reviu
sua projeção para o resultado
das empresas ligadas à entidade: de um lucro de US$ 4,5 bilhões, como havia sido divulgado em março, para um prejuízo
de US$ 2,3 bilhões.
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