São Paulo, segunda-feira, 08 de julho de 2002

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FRAUDE NOS EUA

Democrata exige demissão do chefe do órgão regulador de mercados

Senador quer trocar direção da SEC

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

O líder da maioria democrata no Senado dos EUA, Tom Daschle, pediu ontem a demissão de Harvey Pitt, presidente da SEC (órgão responsável pela fiscalização dos negócios com ações no país), acusando-o de manter um relacionamento "permissivo" com grandes corporações.
"Foi ele quem disse que nós precisamos de uma SEC mais dócil e menos rígida, exatamente o oposto do que nós temos que ter", disse Daschle. "Podemos escolher alguém muito melhor que Harvey Pitt. Ele mantém uma relação exageradamente próxima e permissiva com o mundo corporativo norte-americano."
Pitt, nomeado para o cargo pelo presidente George W. Bush em agosto de 2001, construiu sua reputação como advogado ao pedir a desregulamentação e uma fiscalização menos rigorosa da atividade de auditoria.
Antes de dirigir a SEC, Pitt representou grandes corporações e firmas como a Arthur Andersen, acusada de elaborar e encobrir os maiores escândalos contábeis da história norte-americana.
Foi a Andersen que auditou os balanços da Enron, energética que quebrou em dezembro passado, e da WorldCom, que escondeu gastos de US$ 4 bilhões.
O presidente Bush - ele próprio acusado recentemente de ter praticado irregularidades como executivo de uma empresa de energia no Texas - rebateu o pedido de Daschle. "O presidente acredita que Harvey Pitt está fazendo um ótimo trabalho", disse Bush por meio de Claire Buchan, porta-voz da Casa Branca.
A pauta política da semana está cheia de eventos com foco nos escândalos corporativos. Para responder à crescente indignação pública com os escândalos (e também para desassociar-se dela), Bush fará, amanhã, um discurso dirigido a Wall Street propondo punições mais severas a executivos envolvidos em irregularidades.
Hoje, executivos da WorldCom terão de comparecer à comissão de Finanças da Câmara dos Deputados. Embora o presidente da comissão - o deputado republicano Michael Oxley (Ohio)- seja contrário à demissão de Pitt ou a prisões exemplares, outros legisladores querem "sangue".
"Alguns desses criminosos corporativos precisam ir para a cadeia", disse ontem Billy Tauzin, republicano pela Louisiana. "Assim que um deles for indiciado, a confiança no sistema volta."



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