São Paulo, quinta-feira, 08 de agosto de 2002

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CONSUMO

Distribuidoras querem que Petrobras também reduza sua margem

Setor resiste a baixar preço de gás

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Se depender da vontade das distribuidoras e dos revendedores de gás de cozinha, o preço do produto não deve baixar, ao contrário do que quer o governo. Anteontem, o governo deu dez dias para o preço cair, ou a ANP (Agência Nacional do Petróleo) intervirá, tabelando o produto.
Tanto o Sindigás (que representa as distribuidoras) como a Fergás (Federação Nacional dos Revendedores de Gás) dizem que suas margens de lucro já estão muito comprimidas e não há mais como cortá-las.
O diretor do Sindigás Agostinho Simões afirmou que as distribuidoras não têm condições de diminuir suas margens e que a única solução seria toda a cadeia (que inclui ainda as revendas e a Petrobras) abaixar seus preços.
"Podemos fazer um esforço, mas todo mundo precisa contribuir. Deve ser uma ação coordenada pelo governo", disse. Ele espera também a redução do ICMS.
A Fergás é menos otimista. Diz que não tem como cortar suas margens de lucro. O presidente da entidade, Álvaro Chagas, afirmou que quem tem espaço para reduzir ganhos são as distribuidoras, pois suas margens são mais elevadas do que as das revendas.
Segundo dados da ANP, a margem média das distribuidoras é de R$ 7,27, contra R$ 6,13 em dezembro (quando acabou o subsídio ao gás) -uma alta de 18%.
Nas revendas, o ganho subiu de R$ 3,33 para R$ 4,53 -um aumento de 36%.

Liberdade de compra
Chagas disse ainda que, antes de o governo se preocupar em controlar preço, deveria corrigir uma grave distorção no mercado. Trata-se, segundo ele, do fato de as revendas só poderem comprar de uma única distribuidora.
Para Chagas, isso faz com que as distribuidoras pratiquem preços diferenciados para cada cliente, o que leva o produto a sofrer uma "variação brutal" de valores na ponta do consumidor. "São seis distribuidoras que controlam 95% do mercado."
De acordo com a ANP, o preço médio do botijão de gás é de R$ 26,20. O máximo, de R$ 38, e o mínimo, de R$ 18.
Simões, do Sindigás, afirmou que uma solução para o problema passa pela Petrobras, que poderia segurar o repasse do câmbio por até seis meses.
A Petrobras reafirmou que cumprirá todas as determinações do governo sobre o preço do gás. A ANP não quis comentar quais medidas estão sendo tomadas para verificar se existem abusos no mercado de GLP.



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