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CONSUMO
Distribuidoras querem que Petrobras também reduza sua margem
Setor resiste a baixar preço de gás
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Se depender da vontade das distribuidoras e dos revendedores de
gás de cozinha, o preço do produto não deve baixar, ao contrário
do que quer o governo. Anteontem, o governo deu dez dias para
o preço cair, ou a ANP (Agência
Nacional do Petróleo) intervirá,
tabelando o produto.
Tanto o Sindigás (que representa as distribuidoras) como a Fergás (Federação Nacional dos Revendedores de Gás) dizem que
suas margens de lucro já estão
muito comprimidas e não há
mais como cortá-las.
O diretor do Sindigás Agostinho Simões afirmou que as distribuidoras não têm condições de
diminuir suas margens e que a
única solução seria toda a cadeia
(que inclui ainda as revendas e a
Petrobras) abaixar seus preços.
"Podemos fazer um esforço,
mas todo mundo precisa contribuir. Deve ser uma ação coordenada pelo governo", disse. Ele espera também a redução do ICMS.
A Fergás é menos otimista. Diz
que não tem como cortar suas
margens de lucro. O presidente da
entidade, Álvaro Chagas, afirmou
que quem tem espaço para reduzir ganhos são as distribuidoras,
pois suas margens são mais elevadas do que as das revendas.
Segundo dados da ANP, a margem média das distribuidoras é de
R$ 7,27, contra R$ 6,13 em dezembro (quando acabou o subsídio ao
gás) -uma alta de 18%.
Nas revendas, o ganho subiu de
R$ 3,33 para R$ 4,53 -um aumento de 36%.
Liberdade de compra
Chagas disse ainda que, antes de
o governo se preocupar em controlar preço, deveria corrigir uma
grave distorção no mercado. Trata-se, segundo ele, do fato de as
revendas só poderem comprar de
uma única distribuidora.
Para Chagas, isso faz com que as
distribuidoras pratiquem preços
diferenciados para cada cliente, o
que leva o produto a sofrer uma
"variação brutal" de valores na
ponta do consumidor. "São seis
distribuidoras que controlam
95% do mercado."
De acordo com a ANP, o preço
médio do botijão de gás é de R$
26,20. O máximo, de R$ 38, e o
mínimo, de R$ 18.
Simões, do Sindigás, afirmou
que uma solução para o problema
passa pela Petrobras, que poderia
segurar o repasse do câmbio por
até seis meses.
A Petrobras reafirmou que
cumprirá todas as determinações
do governo sobre o preço do gás.
A ANP não quis comentar quais
medidas estão sendo tomadas para verificar se existem abusos no
mercado de GLP.
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