São Paulo, sábado, 8 de agosto de 1998

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MEIOS DE PAGAMENTO
Banco Central pensa em antecipar recolhimento para viabilizar maior circulação de novos modelos
Moeda antiga pode ser recolhida mais cedo

CARI RODRIGUES
da Sucursal de Brasília

O Banco Central estuda a possibilidade de antecipar o recolhimento das atuais moedas de aço inoxidável para viabilizar a circulação de maior quantidade dos novos modelos lançados no dia 1º de julho, aniversário do Plano Real.
O início do recolhimento está previsto para o próximo ano. Mas os bancos reclamam que possuem grande quantidade das moedas de aço inoxidável estocadas, segundo apurou a Folha. A convivência entre os dois modelos aumenta ainda mais o custo para armazenagem do estoque de moedas.
Os bancos solicitaram, até o início de agosto, 75.738 milhões de unidades da nova família de moedas, o que representa apenas 32,36% dos 234 milhões que o BC têm disponível para distribuir. Ou seja, 158.262 milhões de unidades estão estocadas no BC.
"Por que trocar as moedas antigas pelos novos modelos se elas têm o mesmo valor?"', perguntou o diretor de assuntos bancários da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos), Jorge Higashino, ao ser questionado sobre o assunto.
"O governo disse que as novas moedas seriam distribuídas de forma gradual", afirmou, ao justificar a pequena circulação das novas moedas na rede bancária.
A expectativa do BC era que a demanda dos bancos pela nova família de moedas fosse maior. O governo gastou R$ 146,6 mil para saber a opinião das pessoas sobre os modelos antigos de moeda, R$ 194 mil para realizar um concurso e mais R$ 92,8 mil por uma pesquisa em que a população escolheu os modelos.
A festa para o lançamento das novas moedas custou R$ 150 mil. Além disso, o BC gastou R$ 3 milhões com propaganda na televisão, painéis e cartazes em ônibus antes da nova família começar a circular.
Para o HSBC Bamerindus não faz diferença trabalhar com moedas antigas ou novas, segundo a assessoria de imprensa. O banco tem um bom estoque dos modelos antigos e, por isso, solicitou pouco da nova família.
Quando o BC definir a data de recolhimento é que o banco começará a separar as moedas antigas.
O chefe do Departamento do Meio Circulante do BC, José dos Santos Barbosa, diz que formou um grupo para estudar como será feito o recolhimento das moedas antigas. "É preciso ter muito cuidado, principalmente com relação à segurança, porque essas moedas têm valor de face'', afirmou. Higashino não considera pequena a circulação das novas moedas.
A Folha apurou que, ao não solicitar ao BC as novas moedas, a intenção dos bancos é pressionar para que o recolhimento das antigas seja antecipado.
O BC pretende trocar 5,3 bilhões de moedas no período de cinco a oito anos. O custo para fazer esta troca deve ficar entre R$ 288 milhões e R$ 349 milhões.
O BC não pode obrigar os bancos a aceitar as novas moedas. Só faz a entrega no caso de solicitação da rede bancária.



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