São Paulo, domingo, 08 de setembro de 2002

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Saques podem barrar a venda do Sudameris

DA REPORTAGEM LOCAL

Os saques sofridos nos últimos três meses pelos fundos do banco Sudameris poderão, na avaliação de analistas, atrapalhar o processo de venda da instituição para o banco Itaú.
Entre os dias 29 de maio e 29 de agosto deste ano, a administradora de recursos do Sudameris teve seu patrimônio líquido encolhido em 16,48%, de acordo com dados levantados no site Fortuna.
A venda do Sudameris, anunciada em dezembro de 2001, já deveria estar sendo concluída agora. Mas, segundo a Folha apurou, há divergências entre o Itaú e a instituição italiana Intesa, que controla o Sudameris, sobre o valor total a ser pago.
O ágio acertado entre as duas instituições para a compra do Sudameris foi de US$ 925 milhões. Além disso, o Itaú deve pagar pelo patrimônio líquido (PL) do banco. Aí, está o problema. O PL do Sudameris, segundo seu último balanço, seria de R$ 1,3 bilhão.

Descompasso
Mas, segundo a Folha apurou, o Itaú teria proposto uma redução muito alta desse PL depois que começou a analisar as contas do Sudameris, alegando que haveria necessidade de maiores provisões para créditos de recebimento duvidoso e para ações trabalhistas. Os italianos não teriam concordado com a proposta. Isso estaria atravancando o negócio.
As perdas sofridas pelos fundos do Sudameris poderão atrapalhar ainda mais as negociações.
Apesar de os saques nos fundos não afetarem diretamente o patrimônio líquido do banco, o tornam menos atrativo para o Itaú, segundo analistas do mercado bancário.
Procurados pela Folha para comentarem esses assuntos, o Itaú e o Sudameris não se manifestaram até a noite da sexta-feira.

Negócios à vista
Segundo o diretor de fusões e aquisições de uma importante consultoria, os braços de asset management de outros bancos estrangeiros poderão deixar o mercado brasileiro.
Os rumores já começam a circular no mercado e os principais alvos de especulação são as instituições menores que não tinham uma fatia muito grande do mercado e ainda perderam muito patrimônio líquido nos últimos meses. Os prejuízos sofridos por muitos bancos estrangeiros na Argentina também são citados como mais um motivo para uma eventual saída do Brasil.

Exceções
Em meio à crise dos últimos meses, apenas sete instituições, entre as 35 maiores, conseguiram fazer o PL total de seus fundos de investimento crescer. Nessa lista estão BNP Paribas, JP Morgan, Pactual, Votorantim, BNL DTVM, Hedging Griffo e CSFB (Credit Suisse First Boston).
Segundo Mauro Bergstein, diretor do CSFB, os fundos não tiveram fortes perdas de rentabilidade e, portanto, conseguiram manter uma boa captação líquida, porque já contabilizavam seus ativos de acordo com os preços de mercado há muito tempo. "Isso sempre fez parte do nosso controle de risco", disse Bergstein.
(EF)


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