São Paulo, domingo, 08 de setembro de 2002

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Fuga ocorre em todas as categorias

DA REPORTAGEM LOCAL

Os fundos DIs e de renda fixa mais tradicionais não foram os únicos alvos de intensos saques nos últimos meses. Outras categorias de fundos, como os cambiais e os "off-shore", também sofreram fortes resgates.
Segundo dados do site Fortuna, entre os dias 29 de maio e 29 de agosto deste ano, os fundos DI e de renda fixa tinham apresentado captação líquida (depósitos menos saques) negativa de, respectivamente, 20,52% e 21,25%. No caso dos fundos cambiais -atrelados ao dólar- os resgates superaram os saques em 32,67%. Já os fundos "off-shore" -geralmente destinados a investidores não residentes no país que querem aplicar recursos no exterior em ativos ligados ao Brasil- tiveram captação líquida negativa de 30%.
A debandada de recursos de todas essas aplicações contribuiu para o encolhimento do patrimônio líquido (PL) do mercado de fundos. No Credit Lyonnais, por exemplo, a saída dos fundos "off-shore" foi a maior responsável pela queda de 30,37% do PL, entre o fim de maio e de agosto deste ano.
Segundo Fábio Faria, diretor da administradora de recursos do banco francês, os saques foram feitos por investidores que decidiram fugir do chamado risco Brasil, ou seja, quiseram tirar seu dinheiro de ativos brasileiros, como títulos e bônus. Mas diz que o Credit Lyonnais encarou as perdas de recursos "com naturalidade".
Apesar do recente fechamento de todas as corretoras do Credit Lyonnais da América Latina e da saída do seu sócio, o também francês Credit Agricole, da Argentina, nega que o banco possa sair do Brasil no curto prazo.
O espanhol BBV, cuja empresa de asset management perdeu 19,87% de seu PL nos últimos três meses, também garante que continuará no país. Marcos Rabinovich, diretor-adjunto da administradora de recursos do BBV, disse que as maiores perdas ocorreram em fundos DI e de renda fixa.
Mas, segundo ele, boa parte dos recursos migraram para CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) da própria instituição. Outros saques teriam sido de investidores institucionais que preferiram aplicar em outras instituições com perfil mais sofisticado ou precisaram do dinheiro para pagar IR (Imposto de Renda).
No caso do Bank of America, instituição que mais perdeu PL nos últimos três meses (-33,9% até 29 de agosto passado), os saques maiores ocorreram nos fundos cambiais e nos chamados multimercados, que são aplicações mais agressivas.
O banco norte-americano já vinha perdendo recursos antes da mudança de regras de contabilidade dos fundos devido a altas perdas de rentabilidade provocadas, segundo analistas, por falhas de gestão. Procurado pela Folha, o Bank of America não quis comentar o assunto.
(ÉRICA FRAGA)


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