São Paulo, Quarta-feira, 08 de Setembro de 1999
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Quem não vendeu vive agora um pesadelo

da Sucursal do Rio

Embora grande parte dos empregados que compraram ações de empresas privatizadas tenham obtido lucro ao vendê-las, há casos nos quais o negócio acabou se transformando em pesadelo.
É o caso do Clube de Investimentos dos empregados da Cosipa (Companhia Siderúrgica Paulista), localizada em Cubatão, litoral do Estado de São Paulo.
Segundo Adílson dos Santos, presidente do clube de investimentos, cada cota de participação dos empregados da Cosipa está valendo hoje, seis anos após a privatização da empresa, cerca de R$ 300,00, enquanto a dívida contraída para financiar a compra das ações está em aproximadamente R$ 3.000,00 por cota.
O credor é a caixa de previdência dos empregados da própria Cosipa, o que significa que, se a solução para a dívida vier de um acordo ruim para a caixa, os empregados perderão do mesmo jeito.

Clube parado
Santos disse que o clube de investimentos da Cosipa está parado e a participação dos empregados no capital da empresa, que era de 10%, não passa hoje de 1%.
Isso porque, segundo ele, o grupo controlador da Cosipa fez uma emissão de debêntures (título de crédito) conversíveis em ações que, por força do aumento de capital da empresa, reduziu em 90% as participações dos acionistas que não entraram na emissão.

Prejuízo inicial
Como a Cosipa foi vendida com um prejuízo acumulado de US$ 1,4 bilhão, os empregados nem chegaram a auferir dividendos por conta de lucros registrados após a privatização.
Santos disse que eles estão agora tentando negociar com os controladores da Cosipa, hoje associada à Usiminas, uma saída para o problema que estão enfrentando com as ações.

Embraer
No caso da Embraer, indústria aeronáutica situada em São José dos Campos, interior paulista, no eixo Rio-SP, as ações da empresa estão em alta, mas os empregados também estão longe da gestão efetiva da empresa.
Segundo Antônio Ferreira Júnior, presidente da diretoria executiva do clube de investimento dos empregados da empresa, a participação inicial de 10% caiu para 0,40% hoje.
Isso se deu, de acordo com Ferreira, principalmente, por forçado contrato do financiamento obtido para a compra e por sucessivos aumentos de capital por parte dos controladores, algo parecido com o que ocorreu na Cosipa.
Como consequência da redução, os empregados perderam o direito a participar do acordo de acionistas (esse não foi o único motivo) e hoje participam do Conselho de Administração da Embraer apenas por força da Lei das Privatizações.

Light
Também na Light, empresa de eletricidade, os empregados participavam do acordo de acionistas, mas perderam esse direito quando a parcela que eles detêm no capital da empresa caiu abaixo de 3%.



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