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GREVE
Movimento deve prosseguir hoje, com 50 mil; Força poderá aceitar 8%, mas CUT diz que não fecha por menos de 10%
Centrais paralisam 100 mil em São Paulo
Patrícia Santos/Folha Imagem
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Durante assembléia na manhã de ontem, funcionários da Volkswagen em São Bernardo aderem à greve de advertência de 24 horas |
ADRIANA MATTOS
RICARDO GRINBAUM
DA REPORTAGEM LOCAL
Cerca de 100 mil trabalhadores
aderiram ontem à greve de advertência, de 24 horas, segundo as
contas da CUT e da Força Sindical. Os grevistas, a maior parte da
CUT, conseguiram parar montadoras de veículos, fábricas de autopeças, de produtos eletroeletrônicos e de máquinas em várias cidades do Estado de São Paulo.
Segundo as centrais sindicais,
85 grandes companhias, com
mais de 500 empregados cada
uma, deixaram de funcionar. Hoje, a CUT quer parar, também por
24 horas, outras empresas que
não foram atingidas pela greve de
ontem. A central espera mobilizar
outros 50 mil trabalhadores no
movimento de hoje.
As duas centrais negociam aumento salarial acima da inflação e
ameaçam convocar greve de várias categorias se não chegarem a
um acordo com os patrões até segunda-feira. Mas há diferenças
claras: a Força deu sinais ontem
de que pode aceitar 8% de reajuste, em média, para as categorias
que representa. A CUT não fecha
por menos de 10%, mesmo que isso leve à greve na segunda-feira.
"Com a Força já acertamos um
acordo na mesa de negociações
que falta ser referendado pelas assembléias, prevendo 8% de reajuste. Com a CUT, temos até segunda-feira para tentar uma solução negociada e evitar a greve",
diz Drausio Rangel, representante
dos fabricantes de autopeças.
Nas montadoras de veículos, os
metalúrgicos dos sindicatos ligados à CUT rejeitaram, em assembléias nas portas das fábricas, a
proposta de reajuste feita pelo sindicato patronal. "Foi por unanimidade. O que os patrões estão
oferecendo nem sequer bate a inflação", diz João Rodrigues, coordenador do Sistema Único de Representação, que organiza os trabalhadores da Ford em São Bernardo do Campo.
Os metalúrgicos conseguiram
paralisar totalmente a produção
de várias montadoras. Só na fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo 17 mil trabalhadores cruzaram os braços. A
montadora deixou de fabricar
quase 900 carros. General Motors,
Ford, Scânia e Mercedes-Benz
também foram forçadas a parar.
O Sinfavea, que representa as
montadoras, oferece reajuste salarial de 8% para os metalúrgicos
que ganham até R$ 1.560,00 por
mês. Para quem recebe mais de
R$ 1.560,00 foi oferecido aumento
de 6,5 %, mais abono. Na prática,
dizem os sindicalistas, a proposta
não estende os 8% a todos os trabalhadores. Além disso, a CUT
pede reajuste acima de 10%.
"A economia está crescendo, as
empresas e os bancos estão ganhando mais dinheiro. Como é
que se justifica esse argumento
das montadoras e dos bancos, de
que não têm como pagar mais do
que a inflação?", pergunta João
Felício, presidente da CUT.
Outras categorias
Em outras categorias ligadas à
CUT também não houve avanço,
mesmo com a greve relâmpago.
Os bancos mantiveram a oferta de
aumento salarial em torno de 5%.
"Eles não mexeram em nenhum
item da pauta de negociações desde a primeira proposta. Agora,
vão ter que sair da moita", diz
João Vaccari, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
Os bancários ameaçam entrar
em greve na segunda-feira. Por
enquanto, também estão fazendo
protestos relâmpagos. Ontem, os
2.100 funcionários do Telebanco,
o serviço de atendimento telefônico do Bradesco, cruzaram os braços. Hoje, os bancários prometem
parar outra instituição financeira.
Outra negociação que está emperrada é a dos petroleiros. Ontem, a direção da Petrobras se
reuniu com a FUP (Federação
Única dos Petroleiros), também
ligada à CUT. Até o final da tarde,
ainda não havia acordo. A Petrobras ainda estava analisando a
proposta do sindicato, que previa
abono salarial e aumento na participação nos lucros.
Os sindicalistas também demonstraram poder de mobilização no interior. No Vale do Paraíba, os sindicalistas pararam 100%
da produção das montadoras GM
e Ford, além da paralisação do
primeiro turno na Philips (eletrônicos) e na Bundy e na Parker Haniffin (autopeças), informa o Sindicato dos Metalúrgicos de São
José dos Campos.
As fábricas atingidas pela greve
somam 10,7 mil trabalhadores
apenas em São José dos Campos.
A cidade tem 32 mil metalúrgicos.
"Vamos parar amanhã (hoje) outras empresas, de pequeno porte,
com 100 a 200 empregados", diz
Luis Prates, diretor do sindicato.
Ocorreram paralisações em outras cidades do interior, como na
região de Campinas. Funcionários da fábrica de fogões Dako pararam por 50 minutos, empregados da montadora Honda atrasaram a entrada em serviço em duas
horas e os funcionários da Filtros
Man, em Indaiatuba, decidiram
cruzar os braços. A fábrica de motores da Volkswagen em São Carlos e a filial da GM em Mogi das
Cruzes também pararam.
Hoje, patrões e empregados têm
novas rodadas de negociações. Já
existem outras conversas marcadas até segunda-feira.
Colaboraram as Regionais
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