São Paulo, sexta-feira, 08 de novembro de 2002

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TRANSE GLOBAL

Decisão conservadora do BC Europeu faz o euro subir 1% e passar de US$ 1; desemprego cresce na Alemanha

Europa não reduz os juros; Bolsas caem

DA REDAÇÃO

O Banco Central Europeu assumiu uma atitude mais conservadora do que o Federal Reserve (banco central dos EUA) e não cortou os juros. O mercado já previa a decisão, mas isso não evitou que as Bolsas fechassem com quedas significativas. Outro efeito foi a valorização do euro, que voltou a ser vendido acima de US$ 1.
O BCE, que sofre grande pressão para atuar de maneira mais agressiva diante da fragilidade econômica dos países da zona do euro, decidiu ontem manter a taxa em 3,25% ao ano.
O último corte ocorreu em novembro do ano passado, quando o ambiente econômico ainda era dominado pelas incertezas após os atentados terroristas.
Anteontem, o Fed derrubou os juros norte-americanos para 1,25% (corte de 0,5 ponto percentual), num reconhecimento de que a recuperação econômica deixa a desejar.
Ainda ontem, o Banco da Inglaterra (banco central do Reino Unido) também manteve sua taxa, atualmente em 4% ao ano. Como não adotam o euro, os britânicos não seguem a política monetária ditada pelo BCE.
O euro subiu 1% ante o dólar e fechou cotado a US$ 1,0061, seu maior valor em mais de três meses. Os juros mais elevados tendem a atrair recursos para a Europa, o que valoriza o euro e a libra.
A Bolsa de Frankfurt fechou em queda de 4,34%. Paris perdeu 3,15% e Londres cedeu 0,55%.
Wim Duisenberg, presidente do BCE, disse que houve um grande debate entre os conselheiros da instituição sobre a necessidade de um relaxamento na política monetária. Para os analistas, a declaração significa que, se os indicadores continuarem a se deteriorar, os juros serão cortados.
"Tendo em vista as incertezas sobre o crescimento no futuro e suas implicações inflacionárias no médio prazo, o conselho discutiu de maneira extensiva os argumentos a favor e contra um corte na principal taxa do BCE", afirmou Duisenberg.
Enquanto as autoridades monetárias mantinham os juros, o governo alemão divulgava aumento no número de pessoas desempregadas no país. O total cresceu 22 mil, para 4,119 milhões (9,9% da população economicamente ativa), uma evidência de desaquecimento na atividade.
As decisões dos últimos dias demonstram a diferença das prioridades dos principais bancos centrais do planeta. O Fed, desde a tragédia social da depressão dos anos 30, tende a estimular a produção, em vez de se preocupar de maneira excessiva com a inflação -a instituição não adota metas inflacionárias, como o BCE e o Banco Central do Brasil.
Já o Banco Central Europeu, cuja sede fica em Frankfurt, é bastante influenciado pela atitude mais conservadora dos alemães, de combate inflacionário. Isso se explica pelo trauma da hiperinflação de 1923 na Alemanha.


Com agências internacionais

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