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CONCENTRAÇÃO
Banco quer ampliar participação no crédito para a população de baixa renda, na perspectiva de alta do consumo
Bradesco compra a financeira Zogbi por R$ 650 mi
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A compra do banco Zogbi por
R$ 650 milhões, anunciada ontem
pelo Bradesco, foi mais um passo
do setor rumo à popularização do
sistema bancário. Essa é a quarta
financeira adquirida pelos grandes bancos nos últimos 12 meses.
Em outubro, o HSBC comprou
do Lloyds a Losango, que era cobiçada pelo Bradesco. Em março,
o Itaú comprou o banco Fiat, depois de incorporar a Fináustria,
em dezembro passado, ao adquirir o BBA. A principal característica das financeiras é oferecer crédito à população de baixa renda.
O banco Zogbi tem como foco o
financiamento da compra de calçados e vestuário, o chamado "ramo mole". O valor médio dos financiamentos é de R$ 250, e dos
empréstimos pessoais, de R$ 800.
"Esse é um segmento, com
grande potencial de crescimento,
no qual o Bradesco não atuava",
disse Márcio Cypriano, presidente do banco. Segundo ele, "se a
economia se aquecer, será possível duplicar ou até triplicar a carteira do Zogbi".
As operações de crédito do banco Zogbi totalizam R$ 520 milhões atualmente. Elas vão se somar aos R$ 4,59 bilhões da carteira da Finasa, financeira comprada
pelo Bradesco em 2002.
A soma do Zogbi com a Finasa,
voltada principalmente para o financiamento de veículos, dará ao
Bradesco a segunda posição no
ranking das financeiras, atrás da
Fininvest, do Unibanco.
Esse ranking considera o número de consultas feitas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito). A
Fininvest tem 5,5 milhões de consultas. A Zogbi está hoje na terceira posição do ranking, com 1,57
milhão de consultas, que vão se
somar às 435 mil da Finasa.
A estratégia do banco, ao adquirir o Zogbi, foi queimar etapas, segundo Cypriano. "Se fôssemos
montar uma nova financeira, levaríamos três anos até formar
uma marca no mercado", observa
o presidente do Bradesco.
O Zogbi aportará ao conglomerado da Cidade de Deus 1,5 milhão de clientes ativos e cerca de 4
milhões de clientes cadastrados,
além de R$ 833 milhões em ativos.
Inicialmente será mantida a marca Zogbi, mas a tendência é a unificação das duas financeiras sob a
bandeira Finasa.
Virada
Para Carlos Coradi, presidente
da EFC (Engenheiros Financeiros
e Consultores), as aquisições de financeiras voltadas para o grande
público marca o esforço dos bancos de varejo na ampliação de
suas áreas de crédito financeiro.
Historicamente voltados para
operações de tesouraria (com títulos e valores mobiliários), os
grandes bancos começam a se
adaptar à tendência de queda dos
juros, que deverá reduzir esse tipo
de ganho. Esse movimento vem
sendo acompanhado do crescimento da "bancarização" -a inclusão de novos contingentes da
população no sistema.
Por meio da criação de contas
simplificadas e dos correspondentes bancários (padarias, lotéricas, postos dos correios), o governo pretende inserir os 100 milhões de brasileiros sem conta
corrente no sistema.
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