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São Paulo, sábado, 08 de novembro de 2003

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CONCENTRAÇÃO

Banco quer ampliar participação no crédito para a população de baixa renda, na perspectiva de alta do consumo

Bradesco compra a financeira Zogbi por R$ 650 mi

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

A compra do banco Zogbi por R$ 650 milhões, anunciada ontem pelo Bradesco, foi mais um passo do setor rumo à popularização do sistema bancário. Essa é a quarta financeira adquirida pelos grandes bancos nos últimos 12 meses.
Em outubro, o HSBC comprou do Lloyds a Losango, que era cobiçada pelo Bradesco. Em março, o Itaú comprou o banco Fiat, depois de incorporar a Fináustria, em dezembro passado, ao adquirir o BBA. A principal característica das financeiras é oferecer crédito à população de baixa renda.
O banco Zogbi tem como foco o financiamento da compra de calçados e vestuário, o chamado "ramo mole". O valor médio dos financiamentos é de R$ 250, e dos empréstimos pessoais, de R$ 800.
"Esse é um segmento, com grande potencial de crescimento, no qual o Bradesco não atuava", disse Márcio Cypriano, presidente do banco. Segundo ele, "se a economia se aquecer, será possível duplicar ou até triplicar a carteira do Zogbi".
As operações de crédito do banco Zogbi totalizam R$ 520 milhões atualmente. Elas vão se somar aos R$ 4,59 bilhões da carteira da Finasa, financeira comprada pelo Bradesco em 2002.
A soma do Zogbi com a Finasa, voltada principalmente para o financiamento de veículos, dará ao Bradesco a segunda posição no ranking das financeiras, atrás da Fininvest, do Unibanco.
Esse ranking considera o número de consultas feitas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito). A Fininvest tem 5,5 milhões de consultas. A Zogbi está hoje na terceira posição do ranking, com 1,57 milhão de consultas, que vão se somar às 435 mil da Finasa.
A estratégia do banco, ao adquirir o Zogbi, foi queimar etapas, segundo Cypriano. "Se fôssemos montar uma nova financeira, levaríamos três anos até formar uma marca no mercado", observa o presidente do Bradesco.
O Zogbi aportará ao conglomerado da Cidade de Deus 1,5 milhão de clientes ativos e cerca de 4 milhões de clientes cadastrados, além de R$ 833 milhões em ativos. Inicialmente será mantida a marca Zogbi, mas a tendência é a unificação das duas financeiras sob a bandeira Finasa.

Virada
Para Carlos Coradi, presidente da EFC (Engenheiros Financeiros e Consultores), as aquisições de financeiras voltadas para o grande público marca o esforço dos bancos de varejo na ampliação de suas áreas de crédito financeiro.
Historicamente voltados para operações de tesouraria (com títulos e valores mobiliários), os grandes bancos começam a se adaptar à tendência de queda dos juros, que deverá reduzir esse tipo de ganho. Esse movimento vem sendo acompanhado do crescimento da "bancarização" -a inclusão de novos contingentes da população no sistema.
Por meio da criação de contas simplificadas e dos correspondentes bancários (padarias, lotéricas, postos dos correios), o governo pretende inserir os 100 milhões de brasileiros sem conta corrente no sistema.


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