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EUA mantêm isenção de tarifa para o Brasil
Acordo entre democratas e republicanos que prorroga Sistema Geral de Preferências seria votado nesta madrugada na Câmara
País usou benefício em 15% das exportações para os americanos em 2005;
pacote também prevê extensão do "fast-track"
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE NOVA YORK
Um acordo de líderes democratas e republicanos prorrogou por mais dois anos, até 31
de dezembro de 2008, o SGP
(Sistema Geral de Preferências), que concede isenção de
tarifas de importação para cerca de 3.600 produtos da indústria brasileira. O projeto seria
levado à votação ontem à noite
na Câmara (madrugada em
Brasília) e seguiria hoje ao Senado americano.
O SGP, que venceria no fim
deste ano, favorece hoje 133
países que exportam para o
mercado norte-americano. O
sistema foi criado em 1974 como um mecanismo transitório
para facilitar a integração de
economias pobres no comércio
global. A idéia era dar reduções
tarifárias enquanto os países
melhoravam sua capacidade de
competir no exterior.
O Brasil usou o benefício em
15% das exportações aos EUA
em 2005, ou cerca de US$ 3,6
bilhões. A previsão para este
ano é de mais US$ 3,8 bilhões.
Manobra
O pacote foi aprovado numa
manobra do deputado republicano Bill Thomas, que aproveitou as poucas sessões que restam antes do recesso legislativo, que começa nesta sexta e vai
até 3 de janeiro, para apresentar um pacote de leis que renova ou estende diversos tratados
e benefícios comerciais pendentes. Entre eles está o SGP e
o "fast-track", que favorecem o
Brasil e países da América Latina e da África. O texto aprovado
ontem no acordo de líderes bipartidários foi costurado na
Casa Branca, com apoio do presidente George W. Bush e da secretária de Comércio Exterior,
Susan Schwab.
A partir de janeiro, a liderança da Câmara e do Senado passa
para a oposição democrata, historicamente mais protecionista em relação a importações, e
que havia prometido rever sistemas de benefícios e tratados
de livre comércio, como os assinados em abril com o Peru e há
duas semanas com a Colômbia.
Os democratas querem analisar os acordos à luz de três novos fatores: 1) legislação trabalhista nos países com que os
acordos foram ou serão firmados; 2) número de empregos
que custaram ou custarão aos
trabalhadores norte-americanos; e 3) impacto ambiental.
Inicialmente, a proposta de
Thomas previa a exclusão de
Brasil e Índia do SGP. Ficariam
de fora do acordo países que tivessem renda per capita maior
que US$ 3.400 ou com um produto que responda sozinho por
mais de US$ 1,5 bilhão de exportações pelo SGP. O Brasil se
encaixa na primeira categoria.
Comemoração
A aprovação da extensão do
SGP foi comemorada pelo empresariado brasileiro. A Fiesp
(Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo) disse que
a medida "assegura ao setor industrial a segurança necessária
para que os fluxos de comércio
e de negócios".
"A aprovação do formato final desse projeto de lei é um sinal positivo do Congresso norte-americano de que as relações comerciais com o Brasil
devem ser reforçadas", avaliou
o presidente da instituição,
Paulo Skaf.
Segundo Carlos Cavalcanti,
do departamento de Relações
Internacionais da Fiesp, a federação contratou escritório de
lobby em Washington para negociar a manutenção do SGP
com políticos americanos.
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