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Transportadora perde R$ 34 a cada 100 km em estrada ruim
Teste aponta prejuízo com gastos de caminhões com combustível, tempo e manutenção
Se rodovias em pior estado fossem recuperadas, haveria redução de 4,8% no consumo de diesel e de 4,5% na emissão de gás carbônico
CÍNTIA ACAYABA
DA AGÊNCIA FOLHA
As empresas de transporte
de carga têm prejuízo de R$ 34
a cada cem quilômetros rodados em rodovias brasileiras mal
conservadas. Os gastos se referem ao consumo de combustível, tempo de viagem e manutenção dos caminhões.
A conclusão é de pesquisa da
Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), da
USP (Universidade de São Paulo) de Piracicaba, que mostra
que, se as rodovias em pior estado de conservação fossem recuperadas, haveria uma redução de 4,8% no consumo de
combustível e 4,5% na emissão
de gás carbônico (CO2).
Com a economia de R$ 34, o
frete do transporte de soja a
granel em uma viagem de 1.100
km -uma das situações verificadas na pesquisa- seria reduzido em cerca de 15%.
"Se reduzíssemos em 4,5% a
emissão de CO2, teríamos um
benefício econômico de R$ 9
milhões ao ano", afirmou a economista agroindustrial Daniela
Bartholomeu, autora da tese
defendida em novembro.
A quantia se refere à venda de
créditos de carbono, títulos
previstos no Protocolo de Kyoto que são dados a quem consegue reduzir a emissão de gases.
Teoria e prática
"Será que compensa fugir do
pedágio?" Essa foi a questão levantada por Bartholomeu para
iniciar sua tese de doutorado.
A pesquisadora pretendia
provar que caminhoneiros que
evitam rodovias pedagiadas para economizar no frete acabam
gastando mais.
Para demonstrar e comprovar sua teoria, Bartholomeu
utilizou seis rotas rodoviárias e
três tipos de caminhão de carga
movidos a óleo diesel.
A primeira experiência foi
feita com três caminhões Volvo
FH12, que realizaram 48 viagens nas rotas Cubatão (SP) a
Campinas (SP), Ribeirão Preto
(SP) a Bauru (SP), São Paulo a
Goiânia (GO) e São Paulo a Feira de Santana (BA).
Com base em dados da CNT
(Confederação Nacional do
Transporte), a pesquisadora
classificou as duas primeiras
rotas como "melhores", por
possuírem todos os trechos em
ótimo e bom estado de conservação. As duas últimas rotas foram consideradas "piores", por
possuírem trechos em condições "deficiente", "ruim" ou
"péssima".
O segundo teste foi feito em
40 viagens, com três caminhões Scania R124-420 e dois
Mercedes-Benz 1944S, que trafegaram pelas rotas Campo
Grande (MS) a Santos (SP) e
Rondonópolis (MT) a Campo
Grande (MS). A primeira rota
foi considerada "melhor", e a
segunda, "pior". Todos os caminhões foram fabricados em
2004 e carregaram a mesma
quantidade de carga.
"Eu fui comparando rota
com rota. Observei que a tecnologia do caminhão não influencia no resultado, apenas a conservação das rodovias. Assim,
em resumo, nas estradas em
boas condições, houve redução
de 4,8% no consumo de combustível e diminuição de 4,5%
na emissão de CO2."
Para Newton Rodrigues, presidente da ABTC (Associação
Brasileira de Transportadores
de Carga), que representa 13
mil empresas de transporte rodoviário, a pesquisa é mais uma
"radiografia do descaso do governo com as rodovias".
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