São Paulo, sexta-feira, 08 de dezembro de 2006

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Transportadora perde R$ 34 a cada 100 km em estrada ruim

Teste aponta prejuízo com gastos de caminhões com combustível, tempo e manutenção

Se rodovias em pior estado fossem recuperadas, haveria redução de 4,8% no consumo de diesel e de 4,5% na emissão de gás carbônico


CÍNTIA ACAYABA
DA AGÊNCIA FOLHA

As empresas de transporte de carga têm prejuízo de R$ 34 a cada cem quilômetros rodados em rodovias brasileiras mal conservadas. Os gastos se referem ao consumo de combustível, tempo de viagem e manutenção dos caminhões.
A conclusão é de pesquisa da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), da USP (Universidade de São Paulo) de Piracicaba, que mostra que, se as rodovias em pior estado de conservação fossem recuperadas, haveria uma redução de 4,8% no consumo de combustível e 4,5% na emissão de gás carbônico (CO2).
Com a economia de R$ 34, o frete do transporte de soja a granel em uma viagem de 1.100 km -uma das situações verificadas na pesquisa- seria reduzido em cerca de 15%.
"Se reduzíssemos em 4,5% a emissão de CO2, teríamos um benefício econômico de R$ 9 milhões ao ano", afirmou a economista agroindustrial Daniela Bartholomeu, autora da tese defendida em novembro.
A quantia se refere à venda de créditos de carbono, títulos previstos no Protocolo de Kyoto que são dados a quem consegue reduzir a emissão de gases.

Teoria e prática
"Será que compensa fugir do pedágio?" Essa foi a questão levantada por Bartholomeu para iniciar sua tese de doutorado.
A pesquisadora pretendia provar que caminhoneiros que evitam rodovias pedagiadas para economizar no frete acabam gastando mais.
Para demonstrar e comprovar sua teoria, Bartholomeu utilizou seis rotas rodoviárias e três tipos de caminhão de carga movidos a óleo diesel.
A primeira experiência foi feita com três caminhões Volvo FH12, que realizaram 48 viagens nas rotas Cubatão (SP) a Campinas (SP), Ribeirão Preto (SP) a Bauru (SP), São Paulo a Goiânia (GO) e São Paulo a Feira de Santana (BA).
Com base em dados da CNT (Confederação Nacional do Transporte), a pesquisadora classificou as duas primeiras rotas como "melhores", por possuírem todos os trechos em ótimo e bom estado de conservação. As duas últimas rotas foram consideradas "piores", por possuírem trechos em condições "deficiente", "ruim" ou "péssima".
O segundo teste foi feito em 40 viagens, com três caminhões Scania R124-420 e dois Mercedes-Benz 1944S, que trafegaram pelas rotas Campo Grande (MS) a Santos (SP) e Rondonópolis (MT) a Campo Grande (MS). A primeira rota foi considerada "melhor", e a segunda, "pior". Todos os caminhões foram fabricados em 2004 e carregaram a mesma quantidade de carga.
"Eu fui comparando rota com rota. Observei que a tecnologia do caminhão não influencia no resultado, apenas a conservação das rodovias. Assim, em resumo, nas estradas em boas condições, houve redução de 4,8% no consumo de combustível e diminuição de 4,5% na emissão de CO2."
Para Newton Rodrigues, presidente da ABTC (Associação Brasileira de Transportadores de Carga), que representa 13 mil empresas de transporte rodoviário, a pesquisa é mais uma "radiografia do descaso do governo com as rodovias".


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