São Paulo, domingo, 09 de abril de 2000


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Volatilidade em NY supera a de 97

GABRIEL J. DE CARVALHO
da Redação

Wall Street foi protagonista nas últimas semanas de uma façanha: superou em volatilidade as Bolsas de países emergentes. Excessivo, esse fenômeno era visto como típico de mercados incipientes.
O índice que mede o nervosismo refletido nas ações alcançou 0,61 nos EUA. No Brasil, ficou em 0,51. Na Argentina, 0,33. Quanto maior esse índice, maior o grau médio de variação das cotações em determinado período.
A surpreendente volatilidade nos EUA foi medida pela oscilação das ações mais líquidas de 142 empresas nos EUA e 68 no Brasil. A empresa de software Economática, que fez os cálculos, tomou como base 21 dias até uma data.
O vendaval em Nova York foi tão forte que superou, no termômetro da volatilidade, os períodos mais críticos das crises asiática (out/97) e russa (set/98).
No final de 96, ainda longe dessas crises financeiras, mas já com o alerta inicial de Alan Greenspan (presidente do Fed) sobre a "exuberância irracional" nas Bolsas, o índice de volatilidade nos EUA era de tranquilo 0,26.
Os mercados emergentes sempre tiveram maior volatilidade, com exceção, na América Latina, do Chile, lembra Fernando Exel, presidente da Economática.
A maturidade e o tamanho das Bolsas norte-americanas explicam o ritmo mais calmo nos EUA.
Mas, nas últimas semanas, os investidores norte-americanos experimentaram a sensação de medo dos latino-americanos durante as crises asiática e russa.
Para os especuladores, intensa volatilidade é um atrativo, observa Luiz Antônio Vaz das Neves, diretor de pesquisas da corretora Planner. "Mas para o investidor tradicional é terrível", completa.
O que mais preocupa, segundo Neves, são os investidores profissionais e fundos agressivos que operam alavancados, ou seja, com recursos de terceiros, visando aumentar seus lucros.
Essas operações são feitas nos mercados futuros e de opções, nos quais se exigem mais garantias quando a volatilidade é excessiva e os riscos aumentam.
Para cobrir as "chamadas de margem", como se diz, é comum o investidor vender tudo o que tem, incluindo ações, para fazer dinheiro rápido, desencadeando baixas às vezes incontroláveis.
Foi algo assim que detonou o crash de 1987, lembra Neves. O risco persiste, mas, na sua visão, o que acaba de acontecer nas Bolsas em Nova York era de certa forma esperado. O índice Nasdaq, das novas empresas de alta tecnologia, se descolou demais do Dow Jones, de indústrias mais tradicionais, a partir de outubro de 99. Chegou a hora do ajuste, diz ele. O baque sofrido pela Microsoft na Justiça foi o pretexto.



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