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Volatilidade em NY supera a de 97
GABRIEL J. DE CARVALHO
da Redação
Wall Street foi protagonista nas
últimas semanas de uma façanha:
superou em volatilidade as Bolsas
de países emergentes. Excessivo,
esse fenômeno era visto como típico de mercados incipientes.
O índice que mede o nervosismo refletido nas ações alcançou
0,61 nos EUA. No Brasil, ficou em
0,51. Na Argentina, 0,33. Quanto
maior esse índice, maior o grau
médio de variação das cotações
em determinado período.
A surpreendente volatilidade
nos EUA foi medida pela oscilação das ações mais líquidas de 142
empresas nos EUA e 68 no Brasil.
A empresa de software Economática, que fez os cálculos, tomou
como base 21 dias até uma data.
O vendaval em Nova York foi
tão forte que superou, no termômetro da volatilidade, os períodos
mais críticos das crises asiática
(out/97) e russa (set/98).
No final de 96, ainda longe dessas crises financeiras, mas já com
o alerta inicial de Alan Greenspan
(presidente do Fed) sobre a "exuberância irracional" nas Bolsas, o
índice de volatilidade nos EUA
era de tranquilo 0,26.
Os mercados emergentes sempre tiveram maior volatilidade,
com exceção, na América Latina,
do Chile, lembra Fernando Exel,
presidente da Economática.
A maturidade e o tamanho das
Bolsas norte-americanas explicam o ritmo mais calmo nos EUA.
Mas, nas últimas semanas, os
investidores norte-americanos
experimentaram a sensação de
medo dos latino-americanos durante as crises asiática e russa.
Para os especuladores, intensa
volatilidade é um atrativo, observa Luiz Antônio Vaz das Neves,
diretor de pesquisas da corretora
Planner. "Mas para o investidor
tradicional é terrível", completa.
O que mais preocupa, segundo
Neves, são os investidores profissionais e fundos agressivos que
operam alavancados, ou seja,
com recursos de terceiros, visando aumentar seus lucros.
Essas operações são feitas nos
mercados futuros e de opções,
nos quais se exigem mais garantias quando a volatilidade é excessiva e os riscos aumentam.
Para cobrir as "chamadas de
margem", como se diz, é comum
o investidor vender tudo o que
tem, incluindo ações, para fazer
dinheiro rápido, desencadeando
baixas às vezes incontroláveis.
Foi algo assim que detonou o
crash de 1987, lembra Neves. O
risco persiste, mas, na sua visão, o
que acaba de acontecer nas Bolsas
em Nova York era de certa forma
esperado. O índice Nasdaq, das
novas empresas de alta tecnologia, se descolou demais do Dow
Jones, de indústrias mais tradicionais, a partir de outubro de 99.
Chegou a hora do ajuste, diz ele. O
baque sofrido pela Microsoft na
Justiça foi o pretexto.
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