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Entrada de dólares pode virar uma armadilha
DA REPORTAGEM LOCAL
A festejada entrada de dólares
pode se tornar uma armadilha para o governo e o país, a médio prazo, dizem analistas. Os recursos
tomados lá fora foram destinados, em grande parte para a compra de títulos do governo atrelados ao câmbio. "Hoje esses títulos
estão baratos, custam a variação
cambial mais 4% de juros ao
ano", diz Paulo Possas, diretor da
Eagle Capital.
No entanto, dada a fragilidade
da melhora da economia, e o risco
de um agravamento da situação
da economia internacional com a
guerra, o governo corre o risco de
ter de rolar esses papéis, no segundo semestre, a taxas elevadas.
No ano passado os títulos cambiais eram rolados a 30% ao ano.
Por isso, alguns economistas já
defendem a tese de que é hora de
o Banco Central aproveitar a queda do dólar e do cupom cambial
(o juro desses papéis) para começar a recomprar parte desses títulos. "Ter parte importante da dívida atrelada ao câmbio é um risco
muito grande. O BC deveria começar a resgatar parte desses papéis", diz Possas.
Para o deputado Delfim Neto, se
o governo recomprar parte dos títulos cambiais em poder dos bancos, poderá reduzir a flutuação do
dólar. A oscilação do câmbio, segundo Possas, teria sido provocada pelos próprios bancos que fizeram captações, para aumentar
seus ganhos.
" O grande ganho dos bancos,
nas captações, não foi com arbitragem de taxas mas com a compra e venda de moeda", diz ele.
Segundo ele, os bancos começaram a captar dinheiro lá fora em
janeiro, e foram vendendo dólar
quando a cotação estava alta.
"Eles saturaram o mercado e derrubaram o câmbio, para chegar à
entrada da safra agrícola vendidos", diz Possas. Em março, a posição vendida dos bancos chegou
a US$ 4,5 bilhões, um aumento de
US$ 1,2 bilhão na posição vendida
dessas instituições. "Agora, em
plena safra, com os recursos das
exportações entrando o dólar
despenca e bate nos R$ 3,185. É
hora de voltar a comprar", diz
Possas.
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