São Paulo, segunda-feira, 09 de junho de 2008

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Ação da Petrobras sobe mais que a de rivais

Ganho em 12 meses está em 116%, acima do de outras petrolíferas; tendência de alta não é garantida, alertam analistas

Aumento do preço do barril aliado a descobertas de reservas recentes tornam as perspectivas da estatal melhores a investidores

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A escalada do petróleo tem animado os acionistas da Petrobras. Os papéis da petrolífera têm respondido de forma positiva aos aumentos do preço do produto no mercado internacional nos últimos meses, quando o barril ultrapassou o patamar de US$ 130. Se considerado um período de 12 meses, as ações da Petrobras se destacam na comparação com outras gigantes do setor com valorizações expressivas.
Em 12 meses, os papéis preferenciais da Petrobras acumulam alta superior a 103% (até quinta-feira). Sua ação ordinária subiu ainda mais, 116%. No mesmo período, a Bovespa registrou ganho em torno de 35%.
Um fato curioso é que grandes empresas petrolíferas pelo mundo não têm conquistado valorizações de destaque em suas ações de um ano para cá.
No mercado norte-americano, quem aparece melhor é a Chevron, com alta de 24,70% em suas ações. A Exxon Mobil computa apreciação de apenas 5,98% no período.
Na Europa, o papel da Royal Dutch Shell registra valorização de 8,34% em 12 meses. O da BP (British Petroleum) tem ganho de 2,91%.
"A Petrobras tem se diferenciado, anunciando muitas novidades e descobertas. E o investidor está atento a isso", afirma Roberto Padovani, estrategista de investimentos sênior para a América Latina do WestLB.
Jason Freitas Vieira, economista-chefe da UpTrend Consultoria Econômica, avalia que um dos motivos para essa diferença é que "muitas das grandes petrolíferas mundiais não têm perspectivas de novas jazidas" para explorar.
Além dos investidores em geral, o bom desempenho das ações da Petrobras interessa a milhares de trabalhadores brasileiros que investiram parte de seu FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) nos papéis da companhia. Em agosto de 2000, a empresa estatal vendeu uma parcela de suas ações, que foi adquirida com recursos do FGTS por aproximadamente 335 mil trabalhadores.
Pouco mais de R$ 11 bilhões estão aplicados atualmente nos fundos Petrobras/FGTS, como mostra levantamento da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento). Esses fundos registram valorização de 108% em 360 dias, sendo a categoria com melhor rendimento do mercado de fundos no período.
Descobertas como as anunciadas pela Petrobras na bacia de Santos têm animado os investidores, nacionais e estrangeiros, que contam com o crescimento da produção da companhia tanto em petróleo quanto em gás. Apesar de a capacidade dos novos campos -Tupi, Júpiter e Carioca- ainda não ser totalmente conhecida, a expectativa é que as reservas brasileiras cresçam consideravelmente.
As reservas comprovadas são hoje de 14 bilhões de barris. Só em Tupi, a estimativa fica entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris.
Além disso, a estatal está explorando petróleo em águas ultraprofundas, o que representa uma nova fronteira para a indústria do petróleo mundial.
A Petrobras encerrou o 1º trimestre do ano com lucro líquido de R$ 6,92 bilhões, 68% acima do registrado no mesmo período de 2007.
No mês passado, a Petrobras ultrapassou a Microsoft para se tornar a sexta maior companhia do mundo em valor de mercado, conforme levantamento da Bloomberg.
A Petrobras registra valor de mercado de US$ 283 bilhões atualmente, sendo disparada a maior empresa do país. Em segundo lugar aparece a Vale, com US$ 178 bilhões.
Mas, mesmo com esses fatos, analistas não podem afirmar se as ações da maior companhia brasileira vão seguir em trajetória de alta.
"Mesmo com as novas descobertas que têm sido anunciadas no últimos tempos, as ações da Petrobras já estão em um patamar elevado", diz o economista da Uptrend.
A disparada no barril de petróleo tem tido reflexos distintos nas grandes economias mundiais e no Brasil. Em Nova York, o preço do petróleo dobrou de valor em um ano. Na última sexta, voltou a testar patamares recordes, terminando negociado acima de US$ 138. No fim de 2007, o barril ameaçava romper os US$ 100.
Para economias como a americana, a alta do petróleo é uma séria ameaça à inflação. As altas no preço do produto acabam por ter impacto mais pesado no bolso dos consumidores americanos do que nos dos brasileiros, pois a Petrobras tem uma política de preços em que o repasse não é automático.


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