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Ação da Petrobras sobe mais que a de rivais
Ganho em 12 meses está em 116%, acima do de outras petrolíferas; tendência de alta não é garantida, alertam analistas
Aumento do preço do barril
aliado a descobertas de
reservas recentes tornam
as perspectivas da estatal
melhores a investidores
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A escalada do petróleo tem
animado os acionistas da Petrobras. Os papéis da petrolífera têm respondido de forma positiva aos aumentos do preço
do produto no mercado internacional nos últimos meses,
quando o barril ultrapassou o
patamar de US$ 130. Se considerado um período de 12 meses, as ações da Petrobras se
destacam na comparação com
outras gigantes do setor com
valorizações expressivas.
Em 12 meses, os papéis preferenciais da Petrobras acumulam alta superior a 103% (até
quinta-feira). Sua ação ordinária subiu ainda mais, 116%. No
mesmo período, a Bovespa registrou ganho em torno de 35%.
Um fato curioso é que grandes empresas petrolíferas pelo
mundo não têm conquistado
valorizações de destaque em
suas ações de um ano para cá.
No mercado norte-americano, quem aparece melhor é a
Chevron, com alta de 24,70%
em suas ações. A Exxon Mobil
computa apreciação de apenas
5,98% no período.
Na Europa, o papel da Royal
Dutch Shell registra valorização de 8,34% em 12 meses. O da
BP (British Petroleum) tem ganho de 2,91%.
"A Petrobras tem se diferenciado, anunciando muitas novidades e descobertas. E o investidor está atento a isso", afirma
Roberto Padovani, estrategista
de investimentos sênior para a
América Latina do WestLB.
Jason Freitas Vieira, economista-chefe da UpTrend Consultoria Econômica, avalia que
um dos motivos para essa diferença é que "muitas das grandes petrolíferas mundiais não
têm perspectivas de novas jazidas" para explorar.
Além dos investidores em geral, o bom desempenho das
ações da Petrobras interessa a
milhares de trabalhadores brasileiros que investiram parte de
seu FGTS (Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço) nos papéis da companhia. Em agosto
de 2000, a empresa estatal vendeu uma parcela de suas ações,
que foi adquirida com recursos
do FGTS por aproximadamente 335 mil trabalhadores.
Pouco mais de R$ 11 bilhões
estão aplicados atualmente nos
fundos Petrobras/FGTS, como
mostra levantamento da Anbid
(Associação Nacional dos Bancos de Investimento). Esses
fundos registram valorização
de 108% em 360 dias, sendo a
categoria com melhor rendimento do mercado de fundos
no período.
Descobertas como as anunciadas pela Petrobras na bacia
de Santos têm animado os investidores, nacionais e estrangeiros, que contam com o crescimento da produção da companhia tanto em petróleo
quanto em gás. Apesar de a capacidade dos novos campos
-Tupi, Júpiter e Carioca- ainda não ser totalmente conhecida, a expectativa é que as reservas brasileiras cresçam consideravelmente.
As reservas comprovadas são
hoje de 14 bilhões de barris. Só
em Tupi, a estimativa fica entre
5 bilhões e 8 bilhões de barris.
Além disso, a estatal está explorando petróleo em águas ultraprofundas, o que representa
uma nova fronteira para a indústria do petróleo mundial.
A Petrobras encerrou o 1º trimestre do ano com lucro líquido de R$ 6,92 bilhões, 68% acima do registrado no mesmo período de 2007.
No mês passado, a Petrobras
ultrapassou a Microsoft para se
tornar a sexta maior companhia do mundo em valor de
mercado, conforme levantamento da Bloomberg.
A Petrobras registra valor de
mercado de US$ 283 bilhões
atualmente, sendo disparada a
maior empresa do país. Em segundo lugar aparece a Vale,
com US$ 178 bilhões.
Mas, mesmo com esses fatos,
analistas não podem afirmar se
as ações da maior companhia
brasileira vão seguir em trajetória de alta.
"Mesmo com as novas descobertas que têm sido anunciadas
no últimos tempos, as ações da
Petrobras já estão em um patamar elevado", diz o economista
da Uptrend.
A disparada no barril de petróleo tem tido reflexos distintos nas grandes economias
mundiais e no Brasil. Em Nova
York, o preço do petróleo dobrou de valor em um ano. Na
última sexta, voltou a testar patamares recordes, terminando
negociado acima de US$ 138.
No fim de 2007, o barril ameaçava romper os US$ 100.
Para economias como a americana, a alta do petróleo é uma
séria ameaça à inflação. As altas
no preço do produto acabam
por ter impacto mais pesado no
bolso dos consumidores americanos do que nos dos brasileiros, pois a Petrobras tem uma
política de preços em que o repasse não é automático.
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