São Paulo, domingo, 09 de julho de 2006

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Mudança nos EUA favorece milho brasileiro

Aumento da demanda do produto na fabricação de combustível abre mais o mercado para exportações do Brasil

Não é apenas o Brasil que ganha com a alta do grão e a abertura do mercado externo; Argentina e China também entram na lista


DA REDAÇÃO

Os números são impressionantes. Em 2004, os Estados Unidos utilizaram 30 milhões de toneladas de milho para a produção de etanol. No próximo ano, serão 55 milhões. Esse volume já é superior aos 50 milhões exportados anualmente pelos norte-americanos.
Qualquer deslize na produção norte-americana afetará o equilíbrio internacional, elevando os preços e permitindo maior participação brasileira no mercado externo.
O economista Chris Hurt, da Universidade Purdue, de Indiana (EUA), diz que o etanol vai mudar a forma de produção e de venda de grãos nos Estados Unidos. Haverá maior plantio de milho e diminuição da rotação de culturas.
A maior opção pelo milho é porque o etanol acrescenta US$ 0,30 ao bushel de milho (25,2 quilos) e rende US$ 4,5 bilhões a mais por ano ao setor, diz a Renewable Fuels Association.
Não é apenas o Brasil que ganha com a alta do milho e a abertura do mercado externo. Argentina e China também entram nessa lista, segundo Paulo Molinari, da Safras & Mercado.
Para Molinari, "a energia alternativa é um fato novo dentro das commodities e vai favorecer o plantio, o aumento da área e a elevação de preços". Mas os EUA vão garantir participação no mercado externo com aumento de produção, diz ele.
Fernando Muraro, da Agência Rural, de Curitiba (PR), acredita também na ampliação da safra nos EUA. "Eles não têm novas áreas para expansão, mas têm tecnologia", afirma.
Roberto Petrauskas, superintende comercial da Coamo Agroindustrial Cooperativa, também vê vantagem brasileira com o aumento no consumo de milho nos EUA, mas diz que a situação deve ser bem avaliada antes de o Brasil partir para o aumento de produção.
"Essas respostas [do mercado] não são rápidas, e não vejo uma válvula de escape no momento", acrescenta.
Leonardo Sologuren, da consultoria Céleres, de Uberlândia (MG), diz que esse "boom energético" muda um pouco o cenário de produção. Os Estados Unidos vão se dedicar mais à produção de milho, deixando a liderança da soja para o Brasil.
Anderson Galvão, especialista em soja na Céleres, diz que haverá uma recuperação de área no Brasil, mas ela se dará mais pelos preços internacionais e pela participação das indústrias. O governo, sem dinheiro, fica fora dos financiamentos.
Galvão acredita, ainda, que o mercado vai se profissionalizar mais nos próximos anos. Os médicos, dentistas e advogados que participaram da "febre" da soja nos últimos anos em busca de bons investimentos vão deixar a atividade no Brasil. (MZ)


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