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Mudança nos EUA favorece milho brasileiro
Aumento da demanda do produto na fabricação de combustível abre mais o mercado para exportações do Brasil
Não é apenas o Brasil que
ganha com a alta do grão
e a abertura do mercado
externo; Argentina e China
também entram na lista
DA REDAÇÃO
Os números são impressionantes. Em 2004, os Estados
Unidos utilizaram 30 milhões
de toneladas de milho para a
produção de etanol. No próximo ano, serão 55 milhões. Esse
volume já é superior aos 50 milhões exportados anualmente
pelos norte-americanos.
Qualquer deslize na produção norte-americana afetará o
equilíbrio internacional, elevando os preços e permitindo
maior participação brasileira
no mercado externo.
O economista Chris Hurt, da
Universidade Purdue, de Indiana (EUA), diz que o etanol vai
mudar a forma de produção e
de venda de grãos nos Estados
Unidos. Haverá maior plantio
de milho e diminuição da rotação de culturas.
A maior opção pelo milho é
porque o etanol acrescenta US$
0,30 ao bushel de milho (25,2
quilos) e rende US$ 4,5 bilhões
a mais por ano ao setor, diz a
Renewable Fuels Association.
Não é apenas o Brasil que ganha com a alta do milho e a
abertura do mercado externo.
Argentina e China também entram nessa lista, segundo Paulo
Molinari, da Safras & Mercado.
Para Molinari, "a energia alternativa é um fato novo dentro
das commodities e vai favorecer o plantio, o aumento da área
e a elevação de preços". Mas os
EUA vão garantir participação
no mercado externo com aumento de produção, diz ele.
Fernando Muraro, da Agência Rural, de Curitiba (PR),
acredita também na ampliação
da safra nos EUA. "Eles não
têm novas áreas para expansão,
mas têm tecnologia", afirma.
Roberto Petrauskas, superintende comercial da Coamo
Agroindustrial Cooperativa,
também vê vantagem brasileira
com o aumento no consumo de
milho nos EUA, mas diz que a
situação deve ser bem avaliada
antes de o Brasil partir para o
aumento de produção.
"Essas respostas [do mercado] não são rápidas, e não vejo
uma válvula de escape no momento", acrescenta.
Leonardo Sologuren, da consultoria Céleres, de Uberlândia
(MG), diz que esse "boom energético" muda um pouco o cenário de produção. Os Estados
Unidos vão se dedicar mais à
produção de milho, deixando a
liderança da soja para o Brasil.
Anderson Galvão, especialista em soja na Céleres, diz que
haverá uma recuperação de
área no Brasil, mas ela se dará
mais pelos preços internacionais e pela participação das indústrias. O governo, sem dinheiro, fica fora dos financiamentos.
Galvão acredita, ainda, que o
mercado vai se profissionalizar
mais nos próximos anos. Os
médicos, dentistas e advogados
que participaram da "febre" da
soja nos últimos anos em busca
de bons investimentos vão deixar a atividade no Brasil.
(MZ)
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