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Poupar mais não "engessa", diz Malan
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Pedro Malan (Fazenda) disse que o maior ajuste fiscal previsto no novo acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) não irá prejudicar a
condução da política econômica do próximo governo.
"Não devemos ter uma leitura política sobre esse assunto", afirmou. Segundo ele, as metas "não vão engessar" a política econômica do sucessor de FHC.
No novo acordo, o governo se compromete a acumular um superávit primário (economia de dinheiro para o pagamento de juros) de 3,75% do PIB (Produto Interno Bruto) ao ano de 2002 a 2005. Ou seja, num período que
abrange 75% do mandato do próximo presidente.
No acordo que acabaria neste ano, o superávit acertado com o Fundo era de 3,5% do PIB.
Estabilizar dívida
Malan disse que a nova meta é o esforço fiscal necessário para estabilizar a relação entre dívida pública e PIB, hoje em 58,6%.
Segundo ele, a meta de 3,75% para o superávit primário do setor público é apoiada por todos os partidos de oposição.
O ministro do Planejamento, Guilherme Dias, também negou que o aumento da meta de superávit vá prejudicar as ações do próximo governo.
"Gerar superávit primário não é
apenas um ônus. Pagar dívidas é
um bom indicador", afirmou o
ministro da Fazenda.
Além de fazer parte do novo
acordo, a meta para o superávit
primário do setor público (União,
Estados, municípios e estatais)
em 2003 está prevista também na
LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias). Além disso, a LDO sugere
que essas metas sejam mantidas
para 2004 e 2005.
Para Malan, um sinal de que a
oposição concorda com a meta
está no fato de a LDO ter sido
aprovada pelo Congresso, "com
apoio das lideranças de todos os
partidos".
Ainda não na prática
Desde o início do governo Fernando Henrique Cardoso, o setor
público nunca conseguiu acumular um superávit primário de
3,75% do PIB.
O melhor resultado fiscal foi obtido no ano passado, quando a
economia para o pagamento de
juros chegou a 3,68% do PIB.
No primeiro mandato FHC, entre 1995 e 1998, houve déficit primário, ou seja, os gastos do setor
público superavam suas receitas.
Em 1995, a dívida pública era de
R$ 153 bilhões, que equivaliam a
30,4% do PIB.
No mês passado, o endividamento público já havia chegado a
R$ 750 bilhões.
Mesmo com o superávit primário que tem sido obtido pelo governo nos últimos anos, o esforço
fiscal não foi suficiente para conter o crescimento da dívida, que
cresceu por causa das elevadas taxas de juros praticadas no país e
por causa da alta do dólar.
A moeda dos EUA corrige aproximadamente metade da dívida do governo.
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