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AVIAÇÃO
No mercado doméstico, diferença de 0,02 ponto percentual separa as aéreas
Varig passa Gol e recupera 2º lugar
BRUNO LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL
Para a surpresa dos analistas, a
Varig ultrapassou a Gol e voltou à
segunda posição na participação
no mercado doméstico no mês de
julho, segundo dados do DAC
(Departamento de Aviação Civil).
Há um empate técnico entre as
duas companhias: a Gol, que em
junho dominou 28,77% do mercado nas linhas domésticas, aparece com 26,42%, e a Varig, que tinha 25,97% no mês anterior, surge com uma fatia de 26,46%.
Em julho, a Varig registrou
1.324 passageiros transportados a
mais do que a Gol. O índice de
aproveitamento da Gol, no entanto, é maior, já que a empresa ofertou 37.810 assentos a menos.
A TAM, que tinha 42,55% em
junho, ampliou a vantagem sobre
as concorrentes e atingiu seu recorde em participação doméstica
-44,6%. No mercado internacional operado por aéreas brasileiras, chegou aos 20,93%, contra
76,96% da Varig, que é líder absoluta, apesar da perda gradual de
participação. Em julho de 2004, a
Varig tinha 81,96% nas rotas para
o exterior, e a TAM, 17,45%.
A Gol, que voa desde janeiro de
2001, ultrapassou a Varig, de 1927,
pioneira da aviação comercial
brasileira, na configuração do
mercado doméstico de abril. A
notícia foi divulgada pelo DAC
exatamente na véspera do aniversário de 78 anos da Varig.
A Gol ocupou a vice-liderança
até o mês de junho,abrindo vantagem de 2,8 pontos percentuais.
Em abril, a Gol só tinha 0,2 a mais.
"O movimento [de julho] mostra que a vice-liderança da Gol talvez não seja tão sustentável como
esperávamos", afirma o analista
Marcelo Ribeiro, da consultoria
Pentágono. "É cedo para dizer se é
uma nova tendência ou uma flutuação pontual, mas o mais interessante é que a Varig retomou a
segunda posição com tarifas, em
média, 20% mais altas."
Para David Zylbersztajn, presidente do Conselho de Administração da Varig, os dados apenas
evidenciam que a empresa, que
está em processo de recuperação
judicial, não desistiu da disputa.
"O que é importante nessa história é a constatação de que não há
uma tendência de diminuição [de
importância da Varig]", ressalta.
A Gol não se pronunciou.
Explicações
Para André Castellini, sócio da
consultoria Bain & Company, os
fretamentos, mais freqüentes em
razão das férias, respondem pelo
crescimento de TAM e Varig.
Os dados do DAC revelam que
as três grandes companhias aéreas aumentaram a oferta de assentos em julho. Para Castellini, a
Gol não deve ter sido tão eficiente
quanto as rivais no fretamento.
Em nota, a Varig informou que
a recuperação foi resultado de vários fatores, entre eles, "um significativo aumento na freqüência de
vôos noturnos, o acréscimo de
horários extras nas ligações entre
o Sudeste do país e o Nordeste, e a
retomada de rotas entre o Norte e
o Nordeste". A empresa também
ressalta que implantou "uma série
de promoções, adotando política
de preços mais agressiva".
As tarifas também são uma explicação levantada pelos especialistas para a queda da Gol, que
perdeu passageiros para a TAM.
Com tarifas semelhantes, o fato
de a TAM manter um programa
de fidelidade pode explicar sua
vantagem sobre a "alaranjada".
Para Marcelo Ribeiro, a Gol terá
de definir por qual mercado irá
brigar. "A Gol aproveitou o espaço deixado pela Varig para ser
uma empresa "low cost" [baixo
custo] e "high fare" [alta tarifa]."
Ontem, a Varig começou a implementar sua nova malha. "Eliminamos rotas pouco rentáveis
para melhorar a performance da
empresa", diz Zylbersztajn. Foram retomados alguns trechos
como São Paulo-Vitória. Entre os
destinos cortados, estão La Paz
(Bolívia) e Córdoba (Argentina).
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