São Paulo, terça-feira, 09 de agosto de 2005

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AVIAÇÃO

No mercado doméstico, diferença de 0,02 ponto percentual separa as aéreas

Varig passa Gol e recupera 2º lugar

BRUNO LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL

Para a surpresa dos analistas, a Varig ultrapassou a Gol e voltou à segunda posição na participação no mercado doméstico no mês de julho, segundo dados do DAC (Departamento de Aviação Civil).
Há um empate técnico entre as duas companhias: a Gol, que em junho dominou 28,77% do mercado nas linhas domésticas, aparece com 26,42%, e a Varig, que tinha 25,97% no mês anterior, surge com uma fatia de 26,46%.
Em julho, a Varig registrou 1.324 passageiros transportados a mais do que a Gol. O índice de aproveitamento da Gol, no entanto, é maior, já que a empresa ofertou 37.810 assentos a menos.
A TAM, que tinha 42,55% em junho, ampliou a vantagem sobre as concorrentes e atingiu seu recorde em participação doméstica -44,6%. No mercado internacional operado por aéreas brasileiras, chegou aos 20,93%, contra 76,96% da Varig, que é líder absoluta, apesar da perda gradual de participação. Em julho de 2004, a Varig tinha 81,96% nas rotas para o exterior, e a TAM, 17,45%.
A Gol, que voa desde janeiro de 2001, ultrapassou a Varig, de 1927, pioneira da aviação comercial brasileira, na configuração do mercado doméstico de abril. A notícia foi divulgada pelo DAC exatamente na véspera do aniversário de 78 anos da Varig.
A Gol ocupou a vice-liderança até o mês de junho,abrindo vantagem de 2,8 pontos percentuais. Em abril, a Gol só tinha 0,2 a mais.
"O movimento [de julho] mostra que a vice-liderança da Gol talvez não seja tão sustentável como esperávamos", afirma o analista Marcelo Ribeiro, da consultoria Pentágono. "É cedo para dizer se é uma nova tendência ou uma flutuação pontual, mas o mais interessante é que a Varig retomou a segunda posição com tarifas, em média, 20% mais altas."
Para David Zylbersztajn, presidente do Conselho de Administração da Varig, os dados apenas evidenciam que a empresa, que está em processo de recuperação judicial, não desistiu da disputa. "O que é importante nessa história é a constatação de que não há uma tendência de diminuição [de importância da Varig]", ressalta.
A Gol não se pronunciou.

Explicações
Para André Castellini, sócio da consultoria Bain & Company, os fretamentos, mais freqüentes em razão das férias, respondem pelo crescimento de TAM e Varig.
Os dados do DAC revelam que as três grandes companhias aéreas aumentaram a oferta de assentos em julho. Para Castellini, a Gol não deve ter sido tão eficiente quanto as rivais no fretamento.
Em nota, a Varig informou que a recuperação foi resultado de vários fatores, entre eles, "um significativo aumento na freqüência de vôos noturnos, o acréscimo de horários extras nas ligações entre o Sudeste do país e o Nordeste, e a retomada de rotas entre o Norte e o Nordeste". A empresa também ressalta que implantou "uma série de promoções, adotando política de preços mais agressiva".
As tarifas também são uma explicação levantada pelos especialistas para a queda da Gol, que perdeu passageiros para a TAM.
Com tarifas semelhantes, o fato de a TAM manter um programa de fidelidade pode explicar sua vantagem sobre a "alaranjada". Para Marcelo Ribeiro, a Gol terá de definir por qual mercado irá brigar. "A Gol aproveitou o espaço deixado pela Varig para ser uma empresa "low cost" [baixo custo] e "high fare" [alta tarifa]."
Ontem, a Varig começou a implementar sua nova malha. "Eliminamos rotas pouco rentáveis para melhorar a performance da empresa", diz Zylbersztajn. Foram retomados alguns trechos como São Paulo-Vitória. Entre os destinos cortados, estão La Paz (Bolívia) e Córdoba (Argentina).


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