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TRABALHO 1
"Taxa administrativa" levará 0,5% do empréstimo
Força terá percentual do crédito abatido em folha do trabalhador
DA REPORTAGEM LOCAL
O acordo de empréstimo com
desconto no contracheque vai
render um repasse de verba aos
sindicatos e centrais sindicais, o
que pode servir de fonte de financiamento para elas.
É o caso do primeiro acordo
realizado entre a Força Sindical e
o banco Santander Banespa, que
prevê que 0,5% do total emprestado a cada metalúrgico seja repassado à central.
A Folha apurou que, em três
dias, o Sindicato dos Metalúrgicos
de São Paulo (filiado à Força) fechou cem acordos em cinco metalúrgicas paulistas. Se cada trabalhador receber R$ 1.000 de empréstimo, significa que o sindicato receberá R$ 500.
"É uma taxa de administração,
uma vez que o sindicato tem um
custo operacional, que inclui desde a divulgação até a fiscalização
dos acordos", disse Eleno José Bezerra, presidente do sindicato. Segundo o sindicalista, uma funcionária da cooperativa de crédito do
sindicato já foi destacada para
acompanhar e verificar as taxas
de juros cobradas -de 2% a
3,8%- e as formas de pagamento
-parcelas fixas de 12 a 48 meses.
"Não tem nada de errado. Defendemos essa taxa como uma alternativa ao imposto sindical
[corresponde a um dia do salário
de todos os trabalhadores registrados], que é cobrado de forma
compulsória. Como os sindicatos
vão existir se não houver uma
fonte de contribuição? Os sindicatos não vivem de brisa. E se não
fossem as centrais, esse acordo
[de crédito com desconto em folha] não existiria. Os trabalhadores não seriam beneficiados", disse o presidente do sindicato.
O vice-presidente Executivo do
Santander, Miguel Jorge, afirmou
que a taxa repassada ao sindicato
não encarece o valor do empréstimo e que a comissão não está embutida no montante emprestado.
"O sindicato vai ter trabalho para
fazer, e o Santander não quer que
nenhum sindicato trabalhe para o
banco. Os sindicatos devem trabalhar para os seus associados, e
esperamos que os outros bancos
pensem da mesma forma", disse.
Na CUT, a cobrança da taxa de
administração não será feita, informou Luiz Marinho, presidente
da central. "O sindicato tem custo, como bem disse o presidente
da Força, Paulo Pereira. Mas não
queremos que o acordo seja visto
como um serviço prestado, que
tem custo. Entendemos que é um
benefício", disse. Para ele, os sindicatos já recebem mensalidades
dos associados e podem dispensar a cobrança de taxas de administração sobre os acordos de crédito que forem firmados.
As centrais sindicais estão analisando, em conjunto com a consultoria Trevisan, as 19 propostas
escolhidas na primeira etapa da
"licitação", feita na semana passada, que vai definir os bancos eleitos para fechar acordos de desconto em folha.
"A concorrência já surtiu efeito", disse Marinho, ao mencionar
que a Caixa Econômica Federal
ofereceu juros mensais entre
1,78% e 3,5%, enquanto o acordo
do Santander prevê juros de 2% a
3,8% ao mês.
(CR)
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