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VALOR AGREGADO
Efeito de desoneração gera divergência
Negociações expõem desconfiança mútua entre governo e Congresso
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A política de desoneração tributária explicitou a desconfiança
mútua entre Executivo e Congresso em torno dos números referentes ao impacto das medidas na arrecadação federal. Os parlamentares acusam os tecnocratas de
subestimar a receita tributária e
exagerar nos cálculos de renúncia
fiscal. Para a área econômica do
governo, os políticos distribuem
benefícios sem querer saber quem
vai pagar a conta.
Ninguém sabe mais, por exemplo, qual será o efeito da "MP do
Bem" no Orçamento do próximo
ano. O valor era estimado em R$
3,3 bilhões quando a medida foi
editada, em junho -mas, de lá
para cá, entraram no texto benefícios para micro e pequenas empresas, municípios inadimplentes, embalagens de frutas e outras
dezenas de setores e situações.
Para a Receita, só um benefício
adicional aprovado pela Câmara
-a duplicação dos limites para o
enquadramento de empresas de
pequeno porte no Simples- significará uma renúncia fiscal adicional de R$ 1,7 bilhão.
O economista José Roberto
Afonso, ligado ao PSDB, duvida
do cálculo. "Quero ver alguém demonstrar que existe essa perda."
Os resultados recentes da arrecadação põem em xeque os temores da Receita. Mesmo após mais
de 20 medidas de desoneração
desde 2004, a Receita divulga recordes a cada mês. Quando a tabela do Imposto de Renda das
pessoas físicas teve correção de
10%, a Receita previu perda de R$
2,5 bilhões neste ano. De janeiro a
agosto, porém, a arrecadação do
IR retido na fonte sobre os rendimentos do trabalho cresceu
7,45% acima da inflação.
(GP)
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