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SALTO NO ESCURO
Principal problema para instalação de linhas de transmissão e importação de luz é a falta de dinheiro
32% dos projetos de energia têm atrasos
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Há problemas em 25 dos 78 projetos de aumento de oferta de
energia previstos para serem concluídos até o final de 2003. Os problemas mais graves estão nas
áreas de transmissão e importação de energia. A previsão é que,
da meta fixada pelo governo para
este ano, 77% saiam do papel.
De acordo com a metodologia
adotada pelo Executivo, dos 25
projetos com problema, oito estão com "faróis vermelhos", que
indicam atrasos superiores a três
meses ou comprometimento da
meta anual de aumento de oferta.
Outros 17 projetos estão com
"faróis amarelos", ou seja, atrasos
inferiores a três meses que não
comprometem a meta. O principal problema é a falta de dinheiro.
Sem dinheiro
A meta de importação, originalmente de 2.836 MW, foi revista
para 1.498 MW. Na área de transmissão, uma das obras está parada - com "farol vermelho" -
porque o grupo privado responsável pelo empreendimento não
tem dinheiro, segundo o Ministério de Minas e Energia.
O grupo argentino Civilia não
teria os R$ 550 milhões necessários para construir a linha de
transmissão Norte-Sul 2, que deveria ficar pronta em outubro do
ano que vem. O governo espera
que os argentinos se associem ao
grupo italiano Enel Power e consigam concluir a obra.
Sem importação
A falta de recursos financeiros
também é apontada, em relatório
do Ministério de Minas e Energia,
como causa do atraso na importação de 92 MW da Bolívia, empreendimento a cargo da empresa Tradener. O problema está
classificado como "farol amarelo".
Em julho, no anúncio do programa de aumento de oferta, o
governo informou que dos R$
31,5 bilhões necessários de investimentos até 2003, R$ 22,2 bilhões
(70%) seriam de obras que dependiam de recursos financeiros
da iniciativa privada.
Em novembro, esses números
foram revistos. O total de investimentos subiu para R$ 41,5 bilhões
e a parte da iniciativa privada subiu para R$ 29,9 bilhões, aumentando proporcionalmente - de
70% para 72%. A quantidade de
energia a ser gerada até 2003 também aumentou, para 24.104 MW.
Sem sincronia
Na última reunião do "ministério do apagão", a área técnica do
Ministério de Minas e Energia
apresentou relatório sobre o
acompanhamento das obras. Um
dos problemas apontados foi a
falta de sincronia entre o andamento das obras de geração e as
de transmissão.
Enquanto algumas obras de geração são antecipadas, o mesmo
não acontece com as linhas de
transmissão. Isso significa que,
mesmo que estivessem prontas,
as usinas não poderiam gerar
energia ou teriam de gerar abaixo
de sua capacidade por falta de
meios de transmissão.
Falta de estímulo
De acordo com avaliação da
área técnica do ministério, há falta
de estímulo (financeiro) para que
os empreendedores responsáveis
pela construção das linhas de
transmissão antecipem suas
obras.
Além da falta de recursos, diversos problemas são apontados como causa dos atrasos. Os mais recorrentes estão ligados a questões
ambientais - obtenção de licenças de instalação e de operação.
Mas há também questões políticas e regulatórias.
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