São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VINICIUS TORRES FREIRE

2008, investimentos, inflação etc.


Do primeiro para o segundo semestre, cresceram os riscos econômicos e financeiros; é hora de repensar aplicações

NÃO HÁ sangria desatada na inflação, mas os últimos números têm sido piores que os esperados pelos economistas mais pessimistas. É um excesso falar em perda de controle quando a inflação para o consumidor comum está dois ou três décimos de porcentagem acima do nível de 2006 e abaixo da meta oficial. Mas, apesar de haver opiniões ainda muito divergentes a respeito de preços mesmo entre economistas de banco, os riscos aumentaram e ainda mais a resistência do Banco Central à redução da taxa de juros. Economistas mais "duros" já dizem que o BC tende a deixar os juros intocados até o final de 2008.
Há incerteza maior também na área fiscal (receita e gastos do governo), além das manjadas, mas perigosas, confusões na finança e na atividade econômica mundiais. Do primeiro para o segundo semestre de 2007, o ambiente nublou um pouco para preços, Bolsas, juros e câmbio.

Renda fixa, DI
Tal cenário recomenda ainda mais cautela e uma "reavaliação da carteira" de investimentos para 2008.
Para variar, os títulos da dívida pública vendidos diretamente pelo Tesouro Nacional, o Tesouro Direto, bateram de novo o rendimento de quase todos os fundos DI e de renda fixa conservadores. Nos últimos 12 meses, o rendimento real de títulos do Tesouro Direto com prazo de vencimento em torno de dois anos, por exemplo, ficou em torno de 8% a 10%, contra 6% a 8% do rendimento de fundos aproximadamente comparáveis.
É melhor, se possível, deixar o dinheiro parado no Tesouro Direto por pelo menos cerca de um ano e meio ou, melhor, esperar até o vencimento do título, com o que se garante a rentabilidade contratada com o Tesouro. Quem, ademais, escolhe um título com juros prefixados e correção pela inflação não corre o risco de perder dinheiro com a alta de preços e sabe quanto vai receber de juros. Enfim, quem aplica por mais tempo, mais de dois anos, paga muito menos imposto.

Na Bolsa
A Bolsa está animada, mas é preciso fazer algumas contas básicas. Qual a fatia de seu dinheiro investida em ações? É preciso considerar tanto a compra direta dos papéis como também investimentos em fundos puros de ações, em multimercados e quaisquer outros que tenham ações na carteira.
Alguns gestores profissionais, mais capacitados, informados e acostumados ao risco do que o pequeno investidor, têm dito que a parcela de aplicações em Bolsa de suas carteiras caiu agora para 7%. É mais ou menos o mesmo limite que os bancos comerciais costumam recomendar a seus clientes de varejo com perfil "conservador".
Risco? Além da incerteza econômica, a Bovespa está em sua zona de recorde e, desde agosto, bem volátil (variando muito e com freqüência). Seria razoável repensar quanto risco se está disposto a correr, embolsar parte dos ganhos na Bolsa e, por ora, colocar o dinheiro numa aplicação mais segura.
A Bovespa ainda tem muito a render se o país continuar a crescer a 4%. Mas é preciso esfriar a cabeça e não tratar a Bolsa como uma corrida do ouro. O risco subiu mesmo.

vinit@uol.com.br


Texto Anterior: Rubens Ricupero: Mão de gato
Próximo Texto: Governo já comemora interesse por leilão
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.