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ABERTURA
País é apontado como com "tendência a não ser livre" em pesquisa nos EUA
Brasil é 80º em liberdade econômica
CÍNTIA CARDOSO
DE NOVA YORK
No ranking dos países que desfrutam do maior grau de liberdade econômica no mundo, o Brasil
fica com uma modesta 80ª colocação, empatado com a Albânia, na
categoria de países com "tendência a não serem livres".
Dois asiáticos ficam com as primeiras posições, Hong Kong e
Cingapura, na primeira e segunda
colocações, respectivamente.
As avaliações estão no relatório
"Índice de Liberdade Econômica
2004", do centro de estudos Heritage Foundation. A instituição se
autodefine como um instituto de
defesa dos "tradicionais valores
dos EUA". O trabalho, que conta
com a parceria do jornal "Wall
Street Journal", é divulgado
anualmente. A edição de 2003
conta com 155 países listados.
No resultado anterior, a economia brasileira ocupava o 72º lugar. No caminho do Brasil, os
analistas apontam problemas estruturais, tais como: barreiras ao
investimento estrangeiro em alguns setores, burocracia, carga
tributária elevada e alto grau de
interferência estatal nos setores
elétrico e de petróleo.
"A economia ainda carrega o
fardo dos problemas estruturais
que minam os prognósticos de
crescimento a longo prazo", diz
trecho do estudo.
Para elaborar o ranking, a Heritage Foundation leva em consideração dez itens e, a cada um, é atribuída uma nota numa escala de
um a cinco. As categorias são: política de comércio exterior, fardo
fiscal, grau de interferência governamental, sistema bancário e financeiro, preços e salários, direito
de propriedade, regulação e mercado informal. Quanto menor a
pontuação na escala, maior é o
grau de liberdade atribuído.
No caso brasileiro, a nota geral
foi 3,1. Uma piora em relação ao
ano passado, quando o país recebeu 3,01. O fardo fiscal foi destacado como uma das razões do rebaixamento na nota brasileira.
"A parcela de gastos governamentais em relação ao PIB [Produto Interno Bruto] cresceu 2,5
pontos percentuais em 2002 em
relação a 2001, atingindo 26,5%",
afirma o relatório.
Por esse motivo, a avaliação
desse item perdeu 0,9 ponto, ficando com 2,5. Essa queda levou a
uma perda geral de 0,9 ponto na
pontuação total.
Ana Eires, co-autora do estudo,
destaca ainda que a queda de posições do Brasil é causada também por uma melhoria nas condições de outros países.
"O Brasil tem tido desempenhos muito modestos para alcançar mais liberdade econômica.
Um problema ainda grave é a burocracia para a abertura de pequenos negócios no país", disse
Eires à Folha.
A política de comércio exterior
brasileira foi um dos itens que receberam a pior pontuação (4). Para os Estados Unidos, que é criticado mundialmente pela prática
de altas tarifas de importação
contra produtos de países em desenvolvimento, a nota para o comércio exterior é 2.
O grau de intervenção governamental também é criticado pelo
estudo. Ao item, foi concedida
uma nota 4. "Apesar dos esforços
na área de privatização, o governo
ainda permanece com uma presença significativa na economia."
Procurada pela Folha, a embaixada brasileira nos EUA informou que o embaixador Rubens
Barbosa preferia analisar o estudo
mais minuciosamente antes de
comentar a posição do Brasil.
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