São Paulo, sábado, 10 de janeiro de 2004

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ABERTURA

País é apontado como com "tendência a não ser livre" em pesquisa nos EUA

Brasil é 80º em liberdade econômica

CÍNTIA CARDOSO
DE NOVA YORK

No ranking dos países que desfrutam do maior grau de liberdade econômica no mundo, o Brasil fica com uma modesta 80ª colocação, empatado com a Albânia, na categoria de países com "tendência a não serem livres".
Dois asiáticos ficam com as primeiras posições, Hong Kong e Cingapura, na primeira e segunda colocações, respectivamente.
As avaliações estão no relatório "Índice de Liberdade Econômica 2004", do centro de estudos Heritage Foundation. A instituição se autodefine como um instituto de defesa dos "tradicionais valores dos EUA". O trabalho, que conta com a parceria do jornal "Wall Street Journal", é divulgado anualmente. A edição de 2003 conta com 155 países listados.
No resultado anterior, a economia brasileira ocupava o 72º lugar. No caminho do Brasil, os analistas apontam problemas estruturais, tais como: barreiras ao investimento estrangeiro em alguns setores, burocracia, carga tributária elevada e alto grau de interferência estatal nos setores elétrico e de petróleo.
"A economia ainda carrega o fardo dos problemas estruturais que minam os prognósticos de crescimento a longo prazo", diz trecho do estudo.
Para elaborar o ranking, a Heritage Foundation leva em consideração dez itens e, a cada um, é atribuída uma nota numa escala de um a cinco. As categorias são: política de comércio exterior, fardo fiscal, grau de interferência governamental, sistema bancário e financeiro, preços e salários, direito de propriedade, regulação e mercado informal. Quanto menor a pontuação na escala, maior é o grau de liberdade atribuído.
No caso brasileiro, a nota geral foi 3,1. Uma piora em relação ao ano passado, quando o país recebeu 3,01. O fardo fiscal foi destacado como uma das razões do rebaixamento na nota brasileira.
"A parcela de gastos governamentais em relação ao PIB [Produto Interno Bruto] cresceu 2,5 pontos percentuais em 2002 em relação a 2001, atingindo 26,5%", afirma o relatório.
Por esse motivo, a avaliação desse item perdeu 0,9 ponto, ficando com 2,5. Essa queda levou a uma perda geral de 0,9 ponto na pontuação total.
Ana Eires, co-autora do estudo, destaca ainda que a queda de posições do Brasil é causada também por uma melhoria nas condições de outros países.
"O Brasil tem tido desempenhos muito modestos para alcançar mais liberdade econômica. Um problema ainda grave é a burocracia para a abertura de pequenos negócios no país", disse Eires à Folha.
A política de comércio exterior brasileira foi um dos itens que receberam a pior pontuação (4). Para os Estados Unidos, que é criticado mundialmente pela prática de altas tarifas de importação contra produtos de países em desenvolvimento, a nota para o comércio exterior é 2.
O grau de intervenção governamental também é criticado pelo estudo. Ao item, foi concedida uma nota 4. "Apesar dos esforços na área de privatização, o governo ainda permanece com uma presença significativa na economia."
Procurada pela Folha, a embaixada brasileira nos EUA informou que o embaixador Rubens Barbosa preferia analisar o estudo mais minuciosamente antes de comentar a posição do Brasil.


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