São Paulo, sábado, 10 de janeiro de 2004

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GADO DOENTE

Previsão é da Agricultura

Japão pode importar carne brasileira

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A crise da vaca louca nos Estados Unidos pode render ao Brasil uma conta de US$ 600 milhões em exportações de carne bovina ainda neste ano.
Segundo o ministro Roberto Rodrigues (Agricultura), o Japão sinalizou que poderá abrir seu mercado para a carne brasileira.
A iniciativa, caso venha realmente a ocorrer, pode influenciar Taiwan e Coréia do Sul a rever a proibição de importação do produto nacional.
O aumento das exportações de carne bovina, no entanto, pode elevar o preço do produto no mercado interno, segundo avaliação do próprio ministro.
Para Roberto Rodrigues, o produtor brasileiro também será beneficiado pela venda de aves e de carne suína para o mercado americano, caso as negociações entre os países dêem certo. "Isso depende das negociações diplomáticas."
Segundo o ministro, a embaixada brasileira em Tóquio tem sido procurada para tratar do assunto. Os países asiáticos não compram a carne bovina brasileira por não aceitarem o sistema de erradicação da febre aftosa feita por regiões, embora esse modelo seja aceito pela Organização Mundial de Saúde Animal.
Ainda não estão livres da doença Estados do Norte e do Nordeste, disse Rodrigues -cerca de 85% do território nacional já está livre da doença, de acordo com o ministério.
No próximo dia 25, uma delegação brasileira irá ao Oriente para apresentar as condições do produto nacional. Além do Japão, o grupo visitará a Coréia do Sul e Taiwan. Esses mercados são responsáveis pela compra de aproximadamente 450 mil toneladas de carne dos Estados Unidos.
Os ganhos com a crise da vaca louca, no entanto, seriam por pouco tempo, em até quatro anos.

Mais obstáculo
Um outro obstáculo que o país deverá passar é o sistema de rastreabilidade do gado. O Sisbov (Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina) possui cadastrados apenas 9,5 milhões dos 180 milhões de cabeças de gado do país.
A venda de US$ 600 milhões em um primeiro momento não representaria uma perda do produto no mercado interno, pois viria do crescimento da produção prevista para este ano, entre 10% e 15%. Nessa perspectiva, a venda de carnes para o exterior subiria dos atuais US$ 4 bilhões para US$ 4,6 bilhões.
Mas, afirma Rodrigues, caso o produtor veja mais benefício em exportar do que em vender a mercadoria internamente, o preço da carne poderia aumentar para o consumidor nacional.
A Folha consultou a Embaixada do Japão em Brasília, que informou desconhecer o fato de o governo daquele país ter entrado em contato com autoridades brasileiras sobre o assunto.


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