São Paulo, terça-feira, 10 de janeiro de 2006

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TRABALHO

Trabalhador da construção civil antecipa campanha salarial prevendo mais liberação de verbas ao setor por causa da eleição

Em ano de obras, operário quer aumento real

JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

De olho no incremento no caixa das empreiteiras em 2006, os trabalhadores da construção civil deram início à campanha de reajuste salarial mais cedo neste ano: querem reposição da inflação registrada pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) mais, no mínimo, 5% de aumento real. A informação é do presidente do Sintracon (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo), Antonio de Sousa Ramalho.
"Em ano político, o governo escancara as porteiras para as construtoras e fecha contrato para todos os tipos de obra: saneamento básico, habitação popular, recapeamento de estradas, construção de novas vias", explicou o presidente do Sintracon, um dos braços da Força Sindical.
"Temos de aproveitar agora. O dinheiro para os patrões está saindo, mas os contratos deles com os trabalhadores ainda não foram fechados. Os empreiteiros podem dar o que querem para as campanhas políticas, mas têm obrigação de destinar pelo menos um pouquinho para o trabalhador", completou Ramalho.
O dissídio dos empregados do setor de construção civil é em maio. No ano passado, em abril, quando aconteciam as negociações, eles fizeram uma greve de oito dias para conseguir um reajuste que previa a reposição do INPC mais 2% de aumento real.
Ao todo, o pacto fechado em 2005 permitiu elevação salarial de 8,12% para quem trabalhava nos canteiros de obra de São Paulo.
Assim, o salário inicial para um trabalhador que ingressa no setor ficou em R$ 585,20 mensais (ou R$ 2,66 por hora). A idéia é chegar, em 2006, a R$ 700 ou mais.
Quanto às cláusulas sociais, acredita Ramalho, não deverão ser problema. Isso porque o que foi acertado no ano passado vale até abril de 2007. Segundo ele, nesse campo há algumas pendências -obrigatoriedade de o empregador ofertar plano de saúde, participação nos lucros, divisão de custos com o trabalhador em caso de ele voltar a estudar etc-, mas elas poderão ser debatidas sem pressa.
Além da boa vontade na liberação de recursos para obras em ano eleitoral, o presidente do Sintracon listou outro motivo para que o pedido de reajuste dos trabalhadores que atuam no setor seja mais ousado em 2006: as benesses às empresas de construção civil advindas da "MP do Bem", a atual lei nš 11.196, como o aumento do valor de financiamento para imóveis ainda na planta.


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