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TRABALHO
Trabalhador da construção civil antecipa campanha salarial prevendo mais liberação de verbas ao setor por causa da eleição
Em ano de obras, operário quer aumento real
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
De olho no incremento no caixa
das empreiteiras em 2006, os trabalhadores da construção civil deram início à campanha de reajuste salarial mais cedo neste ano:
querem reposição da inflação registrada pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor)
mais, no mínimo, 5% de aumento
real. A informação é do presidente do Sintracon (Sindicato dos
Trabalhadores nas Indústrias da
Construção Civil de São Paulo),
Antonio de Sousa Ramalho.
"Em ano político, o governo escancara as porteiras para as construtoras e fecha contrato para todos os tipos de obra: saneamento
básico, habitação popular, recapeamento de estradas, construção de novas vias", explicou o presidente do Sintracon, um dos braços da Força Sindical.
"Temos de aproveitar agora. O
dinheiro para os patrões está saindo, mas os contratos deles com os
trabalhadores ainda não foram fechados. Os empreiteiros podem
dar o que querem para as campanhas políticas, mas têm obrigação
de destinar pelo menos um pouquinho para o trabalhador", completou Ramalho.
O dissídio dos empregados do
setor de construção civil é em
maio. No ano passado, em abril,
quando aconteciam as negociações, eles fizeram uma greve de
oito dias para conseguir um reajuste que previa a reposição do
INPC mais 2% de aumento real.
Ao todo, o pacto fechado em
2005 permitiu elevação salarial de
8,12% para quem trabalhava nos
canteiros de obra de São Paulo.
Assim, o salário inicial para um
trabalhador que ingressa no setor
ficou em R$ 585,20 mensais (ou
R$ 2,66 por hora). A idéia é chegar, em 2006, a R$ 700 ou mais.
Quanto às cláusulas sociais,
acredita Ramalho, não deverão
ser problema. Isso porque o que
foi acertado no ano passado vale
até abril de 2007. Segundo ele,
nesse campo há algumas pendências -obrigatoriedade de o empregador ofertar plano de saúde,
participação nos lucros, divisão
de custos com o trabalhador em
caso de ele voltar a estudar etc-,
mas elas poderão ser debatidas
sem pressa.
Além da boa vontade na liberação de recursos para obras em
ano eleitoral, o presidente do Sintracon listou outro motivo para
que o pedido de reajuste dos trabalhadores que atuam no setor
seja mais ousado em 2006: as benesses às empresas de construção
civil advindas da "MP do Bem", a
atual lei nš 11.196, como o aumento do valor de financiamento para
imóveis ainda na planta.
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