São Paulo, terça-feira, 10 de janeiro de 2006

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PRODUÇÃO

Terreno total plantado com a oleaginosa deve subir 10% nesta safra

Só Rondônia aumenta área de soja

DANIELE SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA

Se os números da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) se confirmarem, Rondônia será o único Estado brasileiro a aumentar a área cultivada com soja na safra 2005/06, cujo plantio foi concluído no final de dezembro.
De acordo com João Paulo Moraes Filho, analista da Conab, e Luiz Cláudio Pereira Alves, secretário de Agricultura de Rondônia, o Estado vai na contramão da tendência nacional de reduzir a área de soja -que cai pela primeira vez desde 1998- porque escoa o grão pelo rio Madeira, o que diminui o custo do frete e melhora preços pagos aos produtores. Além disso, a redução de 19% na área de arroz -causada porque o cereal estava com preço muito baixo na época do plantio- deixou mais espaço para a oleaginosa.
Segundo o levantamento da Conab, divulgado no início de dezembro, a área com soja em Rondônia ficará em cerca de 82 mil hectares, com aumento anual de 10%. Para o Brasil, a queda estimada é de 6%, de 23,3 milhões para 21,9 milhões de hectares.
Rondônia contribui com menos de 0,5% da área total cultivada com soja no país, mas o Estado é um dos campeões de produtividade. Nas últimas cinco safras, suas lavouras renderam cerca de 3.000 kg por hectare, superando os 2.570 kg da média nacional.
A soja produzida na região de Vilhena, sudeste do Estado, é transportada de caminhão por 700 km até Porto Velho. Ali, o produto é colocado em barcaças e segue por 1.150 km do rio Madeira até o porto de Itacoatiara (AM), de onde é exportado. Não fosse isso, a soja teria que rodar quase 3.000 km até os portos de Santos (SP) ou Paranaguá (PR).
Para Waldemir Ival Loto, superintendente da Amaggi Exportação e Importação, foi a hidrovia que, a partir de 1997, viabilizou o cultivo da soja em Rondônia. O escoamento pelo rio, segundo ele, resulta em um ganho de até 15% no preço recebido pelo agricultor. A rota também é utilizada por produtores do noroeste de Mato Grosso, distantes cerca de 1.000 km de Porto Velho.
Seneri Paludo, analista de mercado da Agência Rural, em Cuiabá (MT), diz que os preços mais altos recebidos pelos produtores de Rondônia explicam a decisão de aumentar o plantio em um ano marcado pela queda do dólar (que prejudica as exportações) e por cotações internacionais apenas próximas da média histórica.
Segundo produtores, a saca de 60 kg de soja -que está cotada em torno de R$ 23,50 em Vilhena- pode valer até R$ 1,50 a mais que na região de Sorriso (centro de Mato Grosso), que exporta por Santos e Paranaguá.


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