São Paulo, segunda, 10 de fevereiro de 1997.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COMÉRCIO
Troca do layout é estratégia usada por supermercados e redes varejistas para aumentar o faturamento
Lojas alteram visual para atrair clientes

FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local

As lojas estão mudando de cara para manter a clientela fiel e sobreviver no disputado mercado pós-Plano Real.
As mudanças ocorrem desde a logomarca até o interior dos pontos-de-venda, passando pela escolha de novas cores para as paredes, pela troca da mobília e da disposição dos produtos.
Se ainda não deslancharam projetos de reforma, algumas das grandes redes de supermercados e do comércio em geral estão, ao menos, estudando a possibilidade.
É que, com a estabilização da economia, o preço já não funciona como chamariz. Dessa forma, é hora de atrair o consumidor com uma loja mais moderna, clara e diferenciada.
Retorno a longo prazo
Os gastos para alterar o layout de um ponto-de-venda podem chegar a R$ 1 milhão. O retorno do investimento demorará até dois anos, mas, segundo os lojistas, é fundamental para garantir ou aumentar a receita.
A rede Barateiro, dona de 30 lojas e de um faturamento perto de R$ 500 milhões, é uma das que decidiram mudar o visual.
A empresa já investiu R$ 1 milhão para modernizar, por exemplo, a loja de São Mateus, na periferia de São Paulo, com 3.800 metros quadrados de área de venda.
Resultado: o número de pessoas que frequentam a loja passou de 105 mil para 113 mil por mês, diz Antônio Jorge Fernandes da Silva, diretor operacional.
A estratégia do Barateiro é estender esse novo layout para outras dez lojas até o final do ano, o que demandará investimentos de cerca de US$ 10 milhões.
"O objetivo maior é atrair novos consumidores", diz Fernandes da Silva. Muitas das reformas, no entanto, diz Caio Mattar, diretor-executivo do grupo Pão de Açúcar, ocorrem para manter a clientela.
O grupo, conta ele, começou o programa de reformas em 1995. Até agora, já foram modernizados 63 pontos-de-venda -o custo médio por loja variou de US$ 300 mil a US$ 1 milhão. Até o final de 1997, outras 40 lojas serão modificadas.
Nos cálculos de Mattar, o faturamento médio de uma loja reformada aumenta de 25% a 30%. Mas a grande vantagem, diz, é que num estabelecimento moderno há menos desperdício. Com maior venda e menor custo, aumenta o lucro.
A VR, especializada em roupas masculinas, também decidiu modificar as suas sete lojas. Três delas já estão operando de acordo com o novo padrão. "Era necessário revitalizá-las", diz Alexandre Brett, gerente-geral da VR.
Ele conta que, com o novo layout da loja, as vendas chegaram a dobrar. Hoje, estão cerca de 60% a 70% maiores.
A Ellus, que tem 60 lojas espalhadas pelo país, já alterou o visual de dez delas. A receita desses pontos-de-venda aumentou 30%. "E mais: agregamos prestígio à marca", diz Paulo Cortez, gerente nacional.
Modelo importado
Nos seus cálculos, a amortização do investimento na reforma de uma loja pode demorar até dois anos. Até o final de 1997, outras 25 lojas serão modificadas.
A Hugo Boss, que tem 30 lojas no país, é outra empresa que está alterando o layout dos seus pontos-de-venda.
Na loja do shopping Morumbi, a reforma -que custou cerca de R$ 120 mil- propiciou aumento de 50% das suas vendas.
Claus Reinhardt, diretor de marketing e vendas, diz que o modelo a ser seguido é o mesmo da Europa e dos EUA. "A idéia é ter uma loja flexível, ou seja, que pode ser facilmente modificada conforme as peças que estão em exposição."

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright 1996 Empresa Folha da Manhã