São Paulo, segunda, 10 de fevereiro de 1997.

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LUÍS NASSIF
O novo fundo de pensão

A rigor, há dois problemas básicos nos fundos de pensão brasileiros, especialmente das estatais.
O primeiro, a questão do sistema de cálculo atuarial. Em geral, os fundos são de benefícios definidos. Se o dinheiro for mal aplicado e resultar em desequilíbrios atuariais, as patrocinadoras são obrigadas a cobrir a diferença.
O segundo problema é a própria qualidade da gestão. Em muitos casos, funcionários da própria empresa, muitos sem conhecimento suficiente de mercado, acabaram assumindo decisões de investimentos complexas, dando margem a toda sorte de descontrole.
Mas há uma nova tendência nos fundos que, em breve, deverá ajudar a corrigir essas distorções.
Um dos primeiros fundos a adotá-la foi a Fundação Philips de Seguridade.
Atendendo a recomendações da matriz, o primeiro passo foi mudar o plano de benefícios definidos para o de contribuições definidas -seguindo tendência mundial. Ou seja, o participante paga um tanto por mês, o patrocinador outro tanto.
O valor da aposentadoria dependerá da maior ou menor competência com que o dinheiro for aplicado.
Para sensibilizar os funcionários a aderir ao novo sistema, a Philips calculou o valor atualizado das contribuições de cada um (a chamada reserva matemática) e oferece 5% a mais por ano de serviço para quem optar pelo novo plano.
Se o funcionário sai da empresa, tem direito a sacar a parte que depositou.
Dos 13 mil cotistas do FPP, 9.000 aderiram ao novo plano. E, imediatamente, passaram a se interessar pela qualidade da gestão.
Opção pela carteira
Além de mudar o sistema, a FPP decidiu sair completamente da gestão de recursos. Constatou que, em lugar de administrar carteiras, seu papel mais lógico seria administrar administradores de carteiras.
Selecionou, então, cinco grandes administradores de carteiras e solicitou a cada um três tipos de carteiras: uma conservadora (80% de renda fixa e 20% de ações), outra moderada (65% e 35%, respectivamente) e uma terceira agressiva (20% e 80%).
Os funcionários escolhem a carteira que quiserem. Os administradores são obrigados a informar trimestralmente sobre os resultados de cada carteira. E, anualmente, os cotistas podem mudar de carteira.
As vantagens foram a maior transparência na gestão -já que o desempenho dos administradores pode ser comparado entre si- e a simplificação dos procedimentos contábeis.
Há regras de cautela. Acima de 50 anos, o participante não pode escolher fundos agressivos. Acima de 55 anos, só pode ficar em fundos conservadores.
Cálculo atuarial
Um dos problemas dessa modalidade de fundos é como casar a reserva matemática de cada funcionário com sua expectativa de vida.
Nessa modalidade, estima-se que o funcionário (ou dependentes) irá viver até os 85 anos (bem acima da expectativa média nacional).
Se funcionário e dependente morrerem antes, 85% da reserva matemática irá para o espólio. Os 15% restantes financiarão os participantes do fundo que ultrapassarem a margem dos 85 anos.

Email:±lnassif@uol.com.br

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