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LUÍS NASSIF
O novo fundo de pensão
A rigor, há dois problemas
básicos nos fundos de pensão
brasileiros, especialmente das
estatais.
O primeiro, a questão do sistema de cálculo atuarial. Em
geral, os fundos são de benefícios definidos. Se o dinheiro
for mal aplicado e resultar em
desequilíbrios atuariais, as
patrocinadoras são obrigadas
a cobrir a diferença.
O segundo problema é a própria qualidade da gestão. Em
muitos casos, funcionários da
própria empresa, muitos sem
conhecimento suficiente de
mercado, acabaram assumindo decisões de investimentos
complexas, dando margem a
toda sorte de descontrole.
Mas há uma nova tendência
nos fundos que, em breve, deverá ajudar a corrigir essas
distorções.
Um dos primeiros fundos a
adotá-la foi a Fundação Philips de Seguridade.
Atendendo a recomendações da matriz, o primeiro
passo foi mudar o plano de
benefícios definidos para o de
contribuições definidas -seguindo tendência mundial.
Ou seja, o participante paga
um tanto por mês, o patrocinador outro tanto.
O valor da aposentadoria
dependerá da maior ou menor
competência com que o dinheiro for aplicado.
Para sensibilizar os funcionários a aderir ao novo sistema, a Philips calculou o valor
atualizado das contribuições
de cada um (a chamada reserva matemática) e oferece 5%
a mais por ano de serviço para
quem optar pelo novo plano.
Se o funcionário sai da empresa, tem direito a sacar a
parte que depositou.
Dos 13 mil cotistas do FPP,
9.000 aderiram ao novo plano. E, imediatamente, passaram a se interessar pela qualidade da gestão.
Opção pela carteira
Além de mudar o sistema, a
FPP decidiu sair completamente da gestão de recursos.
Constatou que, em lugar de
administrar carteiras, seu papel mais lógico seria administrar administradores de carteiras.
Selecionou, então, cinco
grandes administradores de
carteiras e solicitou a cada
um três tipos de carteiras:
uma conservadora (80% de
renda fixa e 20% de ações),
outra moderada (65% e 35%,
respectivamente) e uma terceira agressiva (20% e 80%).
Os funcionários escolhem a
carteira que quiserem. Os administradores são obrigados a
informar trimestralmente sobre os resultados de cada carteira. E, anualmente, os cotistas podem mudar de carteira.
As vantagens foram a maior
transparência na gestão -já
que o desempenho dos administradores pode ser comparado entre si- e a simplificação dos procedimentos contábeis.
Há regras de cautela. Acima
de 50 anos, o participante não
pode escolher fundos agressivos. Acima de 55 anos, só pode ficar em fundos conservadores.
Cálculo atuarial
Um dos problemas dessa
modalidade de fundos é como
casar a reserva matemática
de cada funcionário com sua
expectativa de vida.
Nessa modalidade, estima-se que o funcionário (ou
dependentes) irá viver até os
85 anos (bem acima da expectativa média nacional).
Se funcionário e dependente
morrerem antes, 85% da reserva matemática irá para o
espólio. Os 15% restantes financiarão os participantes do
fundo que ultrapassarem a
margem dos 85 anos.
Email:±lnassif@uol.com.br
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