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MERCADO
Objetivo é dar mais transparência ao setor e tranquilidade a quem aplica
Regra de fundos muda para proteger pequeno investidor
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A CVM (Comissão de Valores
Mobiliários) vai mudar as regras
dos fundos de investimento no
país. Os objetivos são ampliar a
proteção aos investidores de varejo e dar mais transparência ao setor, cujo patrimônio é de cerca de
R$ 500 bilhões.
Uma das alterações prevê a padronização do regulamento dos
fundos, que seguirão um modelo
básico criado pela CVM. No documento, terá de estar expresso o
percentual de cada tipo de ativo
em que o fundo vai investir.
Exemplo: 30% em ações e 70% em
papéis de renda fixa. Com isso, o
investidor tende a saber mais claramente para onde está indo seu
dinheiro e o nível de risco da aplicação.
Outra mudança importante é
que o nome do fundo terá de incorporar o tipo de aplicação a que
se destina prioritariamente.
"O fundo terá um nome e um
"sobrenome", que terá de identificar sua principal atividade, como
fundo cambial", disse Wladimir
Castelo Branco, diretor da CVM.
Para ele, essas duas novidades
protegem o investidor de varejo,
que adquire sua cota nos fundos
na rede bancária e não acompanha diariamente o setor. "Ele poderá avaliar melhor o risco de investir em determinado tipo de
fundo", disse.
Na visão de Castelo Branco, o
investidor "qualificado" (seja o de
grande porte ou o institucional)
sabe se proteger e negociar melhor seus interesses diretamente
com o gestor. Por isso, o foco da
nova legislação será o varejo.
Essas e outras alterações constam de minuta da nova legislação
que vai regulamentar o setor. O
documento entrará em audiência
pública nesta semana. Receberá
sugestões do mercado durante 30
dias. Só depois disso é que será
proposta a nova lei.
Desde 2002, quando passou a
regular toda a indústria de fundos
(existem cerca de 2.800 deles no
país), a CVM está trabalhando na
minuta. Antes disso, só monitorava os fundos de ações. Os de renda fixa eram de responsabilidade
do Banco Central.
As normas de resgate (quando o
cotista do fundo "saca" o investimento) também vão mudar. O
valor da cota será calculado com
base no fechamento do título ou
ação naquele dia - e não por
meio de uma média das cotações.
A CVM quer ainda alterar a forma de divulgação das carteiras
dos fundos. Hoje, ela publica as
carteiras com uma defasagem de
90 dias. A idéia é reduzir esse prazo para até 10 dias, dependendo
do tipo de fundo.
Esse ponto é um dos mais polêmicos. Gestores temem que suas
carteiras sejam "pirateadas" por
outras instituições ou que a divulgação influencie o comportamento de algumas ações.
As novas regras vão acabar também com a distinção que hoje
existe entre FIA (Fundo de Investimento em Ações) e FIF (Fundo
de Investimento Financeiro, que
aplica em papéis de renda fixa, cuja remuneração acompanha taxas
de juro). Haverá uma classificação geral: fundos de investimento.
Com as alterações, a expectativa
é que as categorias de fundos -
hoje são 43 - sejam reduzidas.
Segundo Castelo Branco, os
fundos que não seguirem o regulamento padrão da CVM passarão por uma análise antes de serem aprovados.
A autarquia federal também colocará em sua página na internet
dados sobre taxa de administração, valor da cota e carteira dos
fundos. A intenção é que o investidor possa comparar antes de adquirir o produto.
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