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Banco tenta reduzir responsabilidade
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Documento apresentado pela
Anbid (Associação Nacional dos
Bancos de Investimento) à CVM
(Comissão de Valores Mobiliários), ao qual a Folha teve acesso,
mostra que instituições financeiras pressionam a autarquia a incluir nas mudanças que alterarão
a legislação dos fundos de investimento regras que diminuam sua
responsabilidade por problemas
na gestão dos mesmos.
Hoje, um fundo de investimento pode ter gestor e administrador
separados. Nessa situação, o primeiro é a instituição responsável
pelas decisões de investimento
-é o caso dos gestores independentes (as chamadas "asset managements"). O segundo cuida da
parte burocrática de funcionamento do fundo, como regulamentação e prestação de informações aos cotistas.
Acúmulo
Uma instituição pode acumular
as duas funções, assim como outras, como a de custódia (responsabilidade de liquidar operações
feitas pelo fundo). Os grandes
bancos, por exemplo, são, em
muitos casos, gestores e administradores. Já os gestores independentes preferem, quase sempre,
repassar a tarefa de administração
para uma grande instituição financeira.
A legislação em vigor determina, no entanto, que o administrador do fundo responda sozinho
por todas as responsabilidades
vinculadas ao fundo, da gestão à
custódia, mesmo nos casos em
que esses serviços sejam prestados por terceiros. É nesse ponto
que os grandes bancos estão pressionando a CVM por mudanças.
O documento apresentado pela
Anbid à CVM mostra que os bancos tentam convencer a autarquia
a mudar a legislação atual a fim de
se livrar de eventuais responsabilidades por problemas -como
perdas provocadas por má gestão- nos casos em que atuam
apenas como administradores
dos fundos.
Com dez páginas, o documento
foi redigido em um formato como
se já fosse uma instrução da CVM.
Diz o seguinte no seu sétimo artigo: "Cada pessoa física ou jurídica
contratada pelos fundos de investimento para a prestação, parcial
ou total, dos serviços de administração, conforme mencionados
no art. 2º, bem como o próprio
administrador, responde isoladamente, na esfera da competência
da CVM, por seus atos e omissões
relacionados à prestação dos seus
respectivos serviços".
A movimentação da Anbid
mostra que a instituição tenta se
antecipar ao processo de discussão pública da nova minuta, que
será inaugurado assim que esta
for divulgada, e já influenciar a
CVM na primeira fase de formulação do documento.
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