São Paulo, terça-feira, 10 de fevereiro de 2004

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Governo Lula gera 645 mil postos

FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A criação de vagas no primeiro ano do governo Lula ficou abaixo da expectativa do Ministério do Trabalho. Em 2003, foram gerados 645,43 mil empregos formais no país -15,3% menos do que em 2002 (quando foram criadas 762,41 mil vagas) e 35,5% menos do que previu em janeiro o ex-ministro do Trabalho Jaques Wagner: 1 milhão de postos de trabalho com carteira assinada.
O saldo entre o número de admitidos e desligados ficou abaixo do previsto sobretudo porque o mês de dezembro foi ruim. Em dezembro de 2003, foram fechadas 299,9 mil vagas, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Foi a única vez no ano de 2003 em que o saldo entre contratados e demitidos foi negativo.
Vale lembrar que em dezembro de 2002 o saldo também foi negativo -em 249,5 mil postos.
A criação de 645,43 mil vagas no ano passado representou aumento de 2,89% no estoque de emprego formal no país em relação a dezembro de 2002, informa o Ministério do Trabalho.
Em nota divulgada no seu site, o ministério informa que o número de empregos criados em 2003 é resultado da boa performance das exportações e da agricultura.
Os setores que mais criaram vagas foram serviços (260,28 mil), comércio (225,9 mil), indústria de transformação (128,79 mil) e agricultura (58,19 mil). A construção civil foi o único setor que eliminou postos (48,15 mil empregos).
O Estado de São Paulo foi o que mais abriu vagas em 2003 -171,5 mil. Depois seguem: Minas Gerais (75,64 mil), Paraná (62,30 mil) e Rio (58,54 mil). As regiões metropolitanas responderam pela abertura de 193,71 mil vagas.
Para economistas ouvidos pela Folha, a criação de 645,43 mil vagas em 2003 é insuficiente para o país. Basta lembrar que cerca de 1,5 milhão de pessoas entram por ano no mercado de trabalho.
O Brasil não criou o volume de empregos que se gostaria, avalia o economista Fábio Romão, também porque durante 2003 a indústria tinha estoque suficiente para vender até o final do ano. "Como a indústria produziu menos em 2003, contratou menos. O país viveu uma recessão", afirma.
"A redução dos juros poderia ter sido mais efetiva. Mas, mesmo assim, sabíamos que 2003 seria um ano difícil para o emprego", diz Luiz Marinho, presidente da CUT. "O discurso está longe da ação que ele precisa ter para resolver o desemprego", diz João Carlos Gonçalves, secretário da Força Sindical. Para ele, o governo adota medidas preocupado em conter a inflação -como o bloqueio de recursos federais- e não em combater o desemprego.


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