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FINANÇAS
Juro menor aumenta interesse
Banco do país venderá títulos no exterior
SHEILA D'AMORIM
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os bancos brasileiros deverão
participar das emissões de títulos
do governo federal no mercado
internacional. Apesar de o sistema financeiro nacional ser apontado como um dos mais modernos do mundo, as instituições
brasileiras até agora estavam fora
dessas negociações. Segundo o secretário do Tesouro Nacional,
Joaquim Levy, não havia interesse
em investir nesse mercado.
Essa realidade começou a mudar, na avaliação de Levy, com a
queda dos juros e o aumento esperado do apetite dos investidores estrangeiros por títulos públicos negociados no país, depois
que o governo decidiu isentar do
Imposto de Renda essas operações.
A maior presença de estrangeiros no mercado doméstico abre
caminho para a realização de novos negócios por parte dos bancos
nacionais, ofertando outros produtos. Nesse sentido, destacar-se
numa emissão de títulos da União
lá fora pode ser uma vitrine importante para conquistar essa
clientela. E a política do Tesouro,
que hoje completa 20 anos, é dar
espaço às instituições nacionais.
"O mercado de banco no Brasil
mudou. Na medida em que a taxa
de juros está caindo, eles têm de
procurar novas oportunidades
para fazer dinheiro", diz Levy,
ressaltando que, por ser uma área
que exige profissionalismo e onde
a concorrência é grande, a participação na coordenação de emissões externas precisará de investimento por parte das instituições.
Concentração é estrutural
A concentração de títulos federais na carteira de bancos públicos como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil refletem,
na avaliação de Levy, uma questão estrutural, pois essas instituições, controladas pela União, receberam volume elevado de papéis do governo na operação de
socorro realizada em 2001.
De acordo com levantamento
da equipe econômica referente ao
final do ano passado, juntos, Caixa, Banco do Brasil e cinco fundos
ligados a essas duas instituições se
destacam na lista dos dez maiores
detentores individuais de títulos
públicos e acumulam R$ 253,7 bilhões em papéis da União.
Com isso, dos R$ 304 bilhões
movimentado pelos dez maiores
credores do governo federal -e
que representam 30% da dívida
em títulos- 83% estão com o
próprio governo.
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