São Paulo, sexta-feira, 10 de março de 2006

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FINANÇAS

Juro menor aumenta interesse

Banco do país venderá títulos no exterior

SHEILA D'AMORIM
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os bancos brasileiros deverão participar das emissões de títulos do governo federal no mercado internacional. Apesar de o sistema financeiro nacional ser apontado como um dos mais modernos do mundo, as instituições brasileiras até agora estavam fora dessas negociações. Segundo o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, não havia interesse em investir nesse mercado.
Essa realidade começou a mudar, na avaliação de Levy, com a queda dos juros e o aumento esperado do apetite dos investidores estrangeiros por títulos públicos negociados no país, depois que o governo decidiu isentar do Imposto de Renda essas operações.
A maior presença de estrangeiros no mercado doméstico abre caminho para a realização de novos negócios por parte dos bancos nacionais, ofertando outros produtos. Nesse sentido, destacar-se numa emissão de títulos da União lá fora pode ser uma vitrine importante para conquistar essa clientela. E a política do Tesouro, que hoje completa 20 anos, é dar espaço às instituições nacionais.
"O mercado de banco no Brasil mudou. Na medida em que a taxa de juros está caindo, eles têm de procurar novas oportunidades para fazer dinheiro", diz Levy, ressaltando que, por ser uma área que exige profissionalismo e onde a concorrência é grande, a participação na coordenação de emissões externas precisará de investimento por parte das instituições.

Concentração é estrutural
A concentração de títulos federais na carteira de bancos públicos como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil refletem, na avaliação de Levy, uma questão estrutural, pois essas instituições, controladas pela União, receberam volume elevado de papéis do governo na operação de socorro realizada em 2001.
De acordo com levantamento da equipe econômica referente ao final do ano passado, juntos, Caixa, Banco do Brasil e cinco fundos ligados a essas duas instituições se destacam na lista dos dez maiores detentores individuais de títulos públicos e acumulam R$ 253,7 bilhões em papéis da União.
Com isso, dos R$ 304 bilhões movimentado pelos dez maiores credores do governo federal -e que representam 30% da dívida em títulos- 83% estão com o próprio governo.


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