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LUÍS NASSIF
Caminhos para o software livre
Tempos atrás descobri
um software livre de trabalho colaborativo, com boas funcionalidades. Os autores -norte-americanos- permitem que
qualquer desenvolvedor baixe o
software, pronto para funcionar, com o compromisso de divulgá-lo e de entregar à comunidade as implementações efetuadas.
A comunidade em questão é
boa, pessoal de primeira, talentosos, porém poetas e poucos.
Tanto que a empresa desses técnicos fechou e foi absorvida por
uma empresa maior. Acertei
com esta empresa um acordo de
permuta para desenvolvimento
de um portal. Foi baixado o
software, e o site colocado no ar
com as funcionalidades nativas
do sistema. Poucas semanas depois, os desenvolvedores do sistema desistiriam ou se desentenderam com o empresário.
Com o desenvolvimento parado, pedi que a empresa me passasse o controle do site, para que
pudesse ir atrás de outro desenvolvedor. O empresário se recusou. Se quisesse abrir mão da
parceria, teria de pagar pelo desenvolvimento. Me mandou um
orçamento com valores inflacionados e o descritivo do trabalho
efetuado: 90% correspondentes
a funcionalidades nativas da
versão que baixara da Internet.
Por sorte um dos membros da
comunidade indicou um desenvolvedor de fora de São Paulo,
que rapidamente desenvolveu
um novo site.
Essa experiência trouxe lições
importantes na hora de discutir
o futuro do software livre. Qualquer política de desenvolvimento do software livre tem de contemplar pesadamente a formação de desenvolvedores. A desvantagem da Microsoft é deixar
o cliente à mercê dela. A vantagem é não deixar o cliente à
mercê do desenvolvedor.
A lição positiva é que, graças
ao fato de o software ser livre,
um segundo desenvolvedor pode desenvolver rapidamente
uma nova versão do site, o que
teria sido impossível se fosse um
software fechado de fabricante
menos conhecido. E por um décimo do preço que pagaria por
sistema semelhante da Microsoft. Mas, e se eu não tivesse indicação desse desenvolvedor?
A partir dessa experiência, há
várias lições a serem tiradas.
A primeira é a importância de
fortalecer a plataforma Linux e
os bancos de dados -sistemas
de uso geral e, por isso mesmo,
mais seguros e controláveis.
A segunda é definir modelos
de atuação das comunidades de
aplicativos, de maneira a lhes
conferir mais organicidade e
mais segurança aos usuários.
Por exemplo, identificando os
aplicativos livres de maior futuro em cada área e constituindo
uma espécie de comitê gestor
-com membros da comunidade, do Estado e de clientes privados - incumbido de dar transparência, criar regras, um código de ética e pensar políticas de
formação de desenvolvedores.
O terceiro ponto é estimular
fortemente o uso do software livre em sistemas encapsulados,
em que o único contato do
usuário seja por meio de uma
interface já desenvolvida como
terminais bancários ou de serviços públicos, jogos de celular e
computador.
Quanto às exportações de
aplicativos, tem que se aprofundar a discussão sobre o papel do
software livre e dos softwares
proprietários padronizados.
E-mail - Luisnassif@uol.com.br
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