|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RECALL DA PRIVATIZAÇÃO
Cálculo do seguro antiapagão estaria errado; saída é aumentar tarifa ou Tesouro cobrir rombo
Governo erra e conta de luz deverá subir
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo está reavaliando o
valor do seguro anti-racionamento. Em vez dos R$ 0,0049 por
kWh/mês cobrados dos consumidores desde março, estima-se,
agora, que o valor deveria ser
maior. O assunto foi analisado
ontem em reunião de integrantes
da GCE (Câmara de Gestão da
Crise de Energia Elétrica), apurou
a Folha.
Na prática, isso significa que o
valor do seguro poderá aumentar
ou que a diferença entre o valor
arrecadado e o custo do seguro terá que ser paga pelo Tesouro Nacional. Pelo cálculo atual, quem
consome por mês 500 kWh paga
hoje R$ 2,45 de seguro.
A Folha apurou que, com base
na regra atual, a estatal responsável pelo pagamento do seguro
-CBEE (Comercializadora Brasileira de Energia Emergencial)-
só teria recursos para repassar às
usinas termelétricas até o final do
semestre. A partir daí seriam necessários recursos do Tesouro
Nacional. A Folha informou na
sua edição de ontem que várias
distribuidoras estão inadimplentes por não repassar o seguro antiapagão para a CBEE.
A revisão do valor do seguro anti-racionamento já estava prevista
para junho. A expectativa inicial
do governo, no entanto, era que o
valor pago pelo consumidor fosse
reduzido nesta data.
Descoberto o erro, o governo teme aumentar o valor devido no
período eleitoral. Cálculo preliminar indica que o valor pago deveria ficar entre R$ 0,0080 e R$
0,0087 -alta de 63% a 77% em
relação ao custo atual.
O seguro é cobrado dos consumidores para garantir o pagamento do aluguel de 58 usinas termelétricas. Essas usinas, que produzem energia a um custo maior
que as hidrelétricas, entram em
funcionamento em caso de novo
risco de falta de energia. Os gastos
com o seguro anti-racionamento
são estimados em R$ 4,1 bilhões
até o final de 2005.
Quem definiu o quanto os consumidores deveria pagar para
custear o seguro anti-racionamento foi a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). É esse
valor que está sendo questionado
agora pelo governo.
Expectativa
A expectativa era que, até o final
de abril, houvesse arrecadação de
R$ 177 milhões, que seriam repassados à CBEE. Houve atraso das
distribuidoras no repasse -até
30 de abril só havia R$ 36 milhões
no caixa do governo-, mas, mesmo que ele tivesse sido feito, o valor seria menor do que o esperado. As distribuidoras poderão ser
punidas pela agência pelo atraso.
Ontem, a distribuidora Bandeirante (SP) informou que, em vez
dos R$ 12,19 milhões que o governo esperava dela para custear o
seguro até 30 de abril, só conseguirá arrecadar de seus consumidores R$ 5,2 milhões -diferença
de 57%. A partir de julho, apurou
a Folha, o governo precisaria de
R$ 200 milhões por mês para custear o seguro.
A Aneel informou, por meio de
sua assessoria de imprensa, que
os cálculos foram feitos com base
em informações passadas pela
CBEE sobre a necessidade de custeio do seguro anti-racionamento, equivalente a R$ 1,42 bilhão
por ano.
A CBEE informou, também por
meio da assessoria de imprensa
que não quer "polemizar com a
Aneel". A assessoria informou
ainda que cabe a agência fixar trimestralmente o valor do encargo
e que os valores repassados a
Aneel refletem fielmente seus custos.
Texto Anterior: Anatel "segura" autorização da CTBC Próximo Texto: Aneel fixa custo baixo de energia de emergência Índice
|