São Paulo, segunda-feira, 10 de maio de 2004

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Empresas fazem menos rolagens de débito no exterior

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O horizonte das empresas que precisam de financiamento no mercado externo está ficando mais turvo.
A turbulência já fez com que as empresas obtivessem menos empréstimos no exterior em março e abril. O setor privado, que conseguiu rolagem de 237% de sua dívida externa no primeiro bimestre -ou seja, captou mais recursos do que os débitos que estavam vencendo no período-, viu essa taxa recuar para 46% em março. No mês passado, nas três primeiras semanas, esse índice estava em 51%.
Analistas avaliam que a piora recente do cenário poderia desencadear dois efeitos perversos. Um deles é a alta do dólar, impulsionada por uma maior procura pela moeda por empresas que precisem quitar dívidas por não conseguir renová-las.
Outro, que só ganharia probabilidade com uma maior deterioração do cenário econômico, é o de empresas começarem a ter de renegociar as suas dívidas ou mesmo de chegar ao calote.
"É necessário que o mercado se acalme para que empresas e bancos voltem a procurar recursos lá fora", diz Mário Mesquita, economista-chefe do ABN Amro.
Neste mês, o setor privado tem débitos de US$ 784,3 milhões no exterior. Em abril, esse montante era de US$ 978,7 milhões.
Nesse cenário externo desfavorável, o mercado de capitais interno começa a ganhar interesse, na forma de emissão de debêntures. Neste ano, até abril, foi registrado R$ 1,8 bilhão em debêntures (títulos de dívida corporativa) na CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Com as maiores dificuldades externas, as ofertas de debêntures em análise na CVM somam outros R$ 2,48 bilhões. Em todo o primeiro semestre do ano passado, foram registrados R$ 2,3 bilhões em debêntures.


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