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DESEMPREGO
Candidatos ficam até 19 horas em fila por vaga; frente de trabalho migra do Nordeste para centros urbanos
Salário mínimo atrai 50 mil em SP
JOÃO CARLOS SILVA
MAURICIO ESPOSITO
SEBASTIÃO NASCIMENTO
da Reportagem Local
Um cadastramento da Prefeitura
de São Paulo atraiu 50 mil desempregados interessados em trabalhar em limpeza pública por um
salário mínimo -R$ 136,00.
Os candidatos enfrentaram fila e
uma espera de até 19 horas no final
de semana para concorrer às 10 mil
vagas do Programa de Incentivo ao
Trabalho e Requalificação Profissional.
São frentes de trabalho lançadas
para desempregados com baixa escolaridade e pouca qualificação
profissional.
As frentes, que ficaram famosas
no Nordeste do país ao atender os
flagelados da seca, chegaram aos
centros urbanos.
O programa foi proposto pela
Força Sindical, que cedeu sua sede
para a realização das inscrições.
A prefeitura aceitou a idéia,
transformou o projeto em lei e vai
gastar R$ 15 milhões com os salários e cestas básicas, além de outros benefícios, tudo por um período de seis meses (veja quadro).
A lei aprovada prevê a possibilidade de as frentes de trabalho gerarem 20 mil vagas, mas a ampliação do programa depende de a
prefeitura conseguir mais recursos
para investir no programa.
Existem hoje 1,726 milhão de desempregados na Grande São Paulo, de acordo com pesquisa realizada pelo Dieese em parceria com o
Seade.
Nunca houve tantos desempregados na região. O número de pessoas sem trabalho e que estão em
busca de uma ocupação é recorde
-corresponde a 19,9% da População Economicamente Ativa.
Praticamente uma em cada cinco
pessoas que estão no mercado de
trabalho não encontra emprego.
Os desempregados que forem selecionados para as frentes de trabalho vão ter uma jornada diária
de cinco horas em administrações
regionais e secretarias da prefeitura, de segunda a sexta-feira. Além
disso, vão ter uma hora de treinamento por dia.
Os cursos de capacitação profissional são em funções que vão de
pedreiro e pintor de paredes a cozinheiro de forno e fogão e jardinagem. Para analfabetos haverá cursos de alfabetização.
Apesar do programa ter como
meta atingir o desempregado com
baixa escolaridade, estudantes e
trabalhadores com segundo grau
completo, donas-de-casa e desempregados com experiência em funções administrativas foram se inscrever.
Os candidatos que forem selecionados só começam a trabalhar em
junho.
De acordo com secretário de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Requalificação Profissional, Fernando Salgado, os candidatos inscritos vão ser selecionados a partir de um processo que
começa hoje.
Na seleção, vão ter mais chances
os candidatos com menor escolaridade, mais tempo de desemprego e
maior número de filhos.
Os candidatos que não tiverem o
perfil exigido -comprovação que
mora, no mínimo, há dois anos em
São Paulo e ter cursado no máximo
a oitava série do primeiro grau-
não serão chamados.
Quem for selecionado vai ser
chamado por meio de telegramas.
A relação dos 10 mil selecionados
também vai ser publicada no "Diário Oficial do Município" em data
a ser divulgada.
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