São Paulo, Segunda-feira, 10 de Maio de 1999
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DESEMPREGO
Candidatos ficam até 19 horas em fila por vaga; frente de trabalho migra do Nordeste para centros urbanos
Salário mínimo atrai 50 mil em SP

JOÃO CARLOS SILVA
MAURICIO ESPOSITO
SEBASTIÃO NASCIMENTO
da Reportagem Local

Um cadastramento da Prefeitura de São Paulo atraiu 50 mil desempregados interessados em trabalhar em limpeza pública por um salário mínimo -R$ 136,00.
Os candidatos enfrentaram fila e uma espera de até 19 horas no final de semana para concorrer às 10 mil vagas do Programa de Incentivo ao Trabalho e Requalificação Profissional.
São frentes de trabalho lançadas para desempregados com baixa escolaridade e pouca qualificação profissional.
As frentes, que ficaram famosas no Nordeste do país ao atender os flagelados da seca, chegaram aos centros urbanos.
O programa foi proposto pela Força Sindical, que cedeu sua sede para a realização das inscrições.
A prefeitura aceitou a idéia, transformou o projeto em lei e vai gastar R$ 15 milhões com os salários e cestas básicas, além de outros benefícios, tudo por um período de seis meses (veja quadro).
A lei aprovada prevê a possibilidade de as frentes de trabalho gerarem 20 mil vagas, mas a ampliação do programa depende de a prefeitura conseguir mais recursos para investir no programa.
Existem hoje 1,726 milhão de desempregados na Grande São Paulo, de acordo com pesquisa realizada pelo Dieese em parceria com o Seade.
Nunca houve tantos desempregados na região. O número de pessoas sem trabalho e que estão em busca de uma ocupação é recorde -corresponde a 19,9% da População Economicamente Ativa.
Praticamente uma em cada cinco pessoas que estão no mercado de trabalho não encontra emprego.
Os desempregados que forem selecionados para as frentes de trabalho vão ter uma jornada diária de cinco horas em administrações regionais e secretarias da prefeitura, de segunda a sexta-feira. Além disso, vão ter uma hora de treinamento por dia.
Os cursos de capacitação profissional são em funções que vão de pedreiro e pintor de paredes a cozinheiro de forno e fogão e jardinagem. Para analfabetos haverá cursos de alfabetização.
Apesar do programa ter como meta atingir o desempregado com baixa escolaridade, estudantes e trabalhadores com segundo grau completo, donas-de-casa e desempregados com experiência em funções administrativas foram se inscrever.
Os candidatos que forem selecionados só começam a trabalhar em junho.
De acordo com secretário de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Requalificação Profissional, Fernando Salgado, os candidatos inscritos vão ser selecionados a partir de um processo que começa hoje.
Na seleção, vão ter mais chances os candidatos com menor escolaridade, mais tempo de desemprego e maior número de filhos.
Os candidatos que não tiverem o perfil exigido -comprovação que mora, no mínimo, há dois anos em São Paulo e ter cursado no máximo a oitava série do primeiro grau- não serão chamados.
Quem for selecionado vai ser chamado por meio de telegramas. A relação dos 10 mil selecionados também vai ser publicada no "Diário Oficial do Município" em data a ser divulgada.


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