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NEGÓCIOS
A fabricante de aviões, privatizada em 94, registrou lucro em 98 e tem mais de US$ 4 bilhões de encomendas
Bozano, Simonsen quer sair da Embraer
VANESSA ADACHI
da Reportagem Local
Pouco mais de quatro anos após
a privatização, o Grupo Bozano,
Simonsen planeja vender sua participação no controle acionário da
Embraer.
O grupo do banqueiro Júlio Bozano tem 29,1% das ações ordinárias (com direito a voto) da Embraer, segundo as últimas informações prestadas à Bolsa.
O controle acionário da empresa
aeronáutica é compartilhado com
os fundos de pensão Sistel (Telebrás), que tem 19,7%, e Previ (Banco do Brasil), que tem 27,9%, de
acordo com o boletim da Bolsa.
A intenção de sair da Embraer,
segundo a Folha apurou, segue a
orientação estratégica do grupo
Bozano de centrar cada vez mais
seus esforços no setor financeiro,
que se tornou mais competitivo
nos últimos anos.
Além disso, a avaliação interna é
de que o processo de reestruturação da Embraer já está feito e a
companhia encontra-se pronta
para atrair interessados pela perspectiva de vendas ascendentes e
lucros.
Em 98, pela primeira vez desde
que foi privatizada, a companhia
exibiu um resultado positivo, de
R$ 132 milhões, deixando para trás
um prejuízo de R$ 33 milhões registrado em 97. Foi também o
maior lucro dos seus 30 anos de
existência.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do Grupo
Bozano não quis comentar. A Embraer, por meio de sua assessoria,
informou desconhecer o assunto.
A Folha apurou, entretanto, que
já ocorreram contatos com possíveis interessados.
Entre eles estariam as fabricantes
de aeronaves Saab, sueca, Boeing,
norte-americana, e Dassault, francesa.
A Embraer foi privatizada em dezembro de 94 por R$ 154,1 milhões.
O consórcio liderado pelo Bozano,
Simonsen, que contava também
com as fundações, ficou com a
maior parte das ações leiloadas.
Com mais de US$ 4 bilhões de
encomendas em seus livros, hoje a
Embraer está entre as grandes fabricantes mundiais de aviões.
É o resultado do trabalho de reestruturação, investimento tecnológico e corte de custos feitos a partir
da transferência para a iniciativa
privada. À frente dessa virada da
Embraer está Maurício Novis Botelho, que até 94 era executivo do
próprio Grupo Bozano, Simonsen.
A venda da participação do Bozano não é exatamente uma surpresa. O grupo foi bastante agressivo no processo de privatização e
em muitos casos mostrou que seu
objetivo era comprar empresas,
profissionalizá-las, transformá-las
em negócios rentáveis e vendê-las
com lucro.
Foi assim com a Usiminas, com a
Companhia Siderúrgica de Tubarão e com a Escelsa (Espírito Santos Centrais Elétricas). Calcula-se
que o grupo tenha lucrado cerca de
US$ 500 milhões com a transferência desses investimentos.
Nos últimos dois anos, o Bozano,
Simonsen tem se consolidado no
setor financeiro e se mostra disposto a concentrar investimentos
na área.
Originalmente um banco de atacado, que atendia apenas a grandes
clientes, no final de 97 a instituição
mostrou também ter apetite para o
varejo bancário. Arrematou o Banco Meridional, com forte presença
no Sul do país, privatizado pelo governo federal. Hoje está entre os
maiores conglomerados financeiros do país.
Embora tenha se desfeito de participações em empresas fora do setor financeiro, o grupo ainda mantém investimentos diversificados.
Está presente no capital de shoppings centers, por meio da BS Centros Comerciais, e também atua no
setor agrícola, com a Ipanema
Agro-Indústria.
Na indústria, além da Embraer, o
grupo de Júlio Bozano tem negócios no segmento de madeiras.
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