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Wall Street reage com ceticismo, e Bolsa cai
DA REDAÇÃO
Wall Street reagiu com ceticismo às reformas das práticas contábeis propostas ontem por George W. Bush. Segundo a comunidade financeira, as medidas demorarão a surtir efeito e será preciso mais do que um discurso áspero para resgatar a confiança corporativa no país.
"Se alguns forem para a cadeia por causa desses escândalos, aí haverá algum efeito", disse Bev Hendry, diretor de investimentos da corretora Phoenix-Aberdeen. "Precisamos de mais ação e menos conversa. Essas propostas levarão um bom tempo para surtir efeito", declarou.
Com a sucessão de escândalos envolvendo grandes corporações norte-americanas, houve uma fuga de investidores do mercado acionário. Na semana passada, a
Nasdaq, Bolsa de empresas tecnológicas, chegou a atingir o nível
mais baixo em cinco anos.
Prova do descaso com que Wall
Street reagiu ao discurso de Bush
foi a reação das Bolsas. Os principais índices encerraram o dia no
vermelho, com perdas significativas. O Dow Jones caiu 1,93%, e a
Nasdaq, 1,74%.
"Gostaria de ver uma dessas
pessoas [envolvidas nas fraudes]
usando aquelas roupas listradas
de presidiários", afirmou Tony
Maramarco, da corretora de
ações David L. Babson & Co.
"O discurso do presidente foi
duro e razoavelmente equilibrado, mas a implementação da
maior parte das propostas não
acontecerá imediatamente", disse
Alan Ackerman, da corretora
Fahnestock. "Por ora, as más notícias continuam a corroer a confiança dos investidores."
Analistas de fora do mercado
também não se convenceram da
eficiência das propostas. "A percepção da integridade das corporações foi tão danificada que algo
muito mais dramático precisa ser
feito, e as propostas não cumprem esse papel", disse o professor Lawrence Mitchell, da Universidade George Washington.
"Há boas propostas. Aumentar
os recursos da SEC [fiscalizadora
do mercado de ações] é fundamental", disse Joseph Grundfest,
da Stanford Law School. "A verdadeira questão é como serão implementadas tais medidas."
Tom Daschle, líder da maioria
democrata (de oposição) no Senado, criticou Bush por não ter
tomado atitudes mais duras.
"Não basta discutir contabilidade.
É preciso agir", afirmou.
Para Daschle, o governo dos
EUA (republicano) mantém uma
relação "permissiva" com as
grandes corporações do país. O líder democrata pediu a cabeça do
presidente da SEC, Harvey Pitt,
indicado por Bush.
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