São Paulo, quarta-feira, 10 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Wall Street reage com ceticismo, e Bolsa cai

DA REDAÇÃO

Wall Street reagiu com ceticismo às reformas das práticas contábeis propostas ontem por George W. Bush. Segundo a comunidade financeira, as medidas demorarão a surtir efeito e será preciso mais do que um discurso áspero para resgatar a confiança corporativa no país.
"Se alguns forem para a cadeia por causa desses escândalos, aí haverá algum efeito", disse Bev Hendry, diretor de investimentos da corretora Phoenix-Aberdeen. "Precisamos de mais ação e menos conversa. Essas propostas levarão um bom tempo para surtir efeito", declarou.
Com a sucessão de escândalos envolvendo grandes corporações norte-americanas, houve uma fuga de investidores do mercado acionário. Na semana passada, a Nasdaq, Bolsa de empresas tecnológicas, chegou a atingir o nível mais baixo em cinco anos.
Prova do descaso com que Wall Street reagiu ao discurso de Bush foi a reação das Bolsas. Os principais índices encerraram o dia no vermelho, com perdas significativas. O Dow Jones caiu 1,93%, e a Nasdaq, 1,74%.
"Gostaria de ver uma dessas pessoas [envolvidas nas fraudes] usando aquelas roupas listradas de presidiários", afirmou Tony Maramarco, da corretora de ações David L. Babson & Co.
"O discurso do presidente foi duro e razoavelmente equilibrado, mas a implementação da maior parte das propostas não acontecerá imediatamente", disse Alan Ackerman, da corretora Fahnestock. "Por ora, as más notícias continuam a corroer a confiança dos investidores."
Analistas de fora do mercado também não se convenceram da eficiência das propostas. "A percepção da integridade das corporações foi tão danificada que algo muito mais dramático precisa ser feito, e as propostas não cumprem esse papel", disse o professor Lawrence Mitchell, da Universidade George Washington.
"Há boas propostas. Aumentar os recursos da SEC [fiscalizadora do mercado de ações] é fundamental", disse Joseph Grundfest, da Stanford Law School. "A verdadeira questão é como serão implementadas tais medidas."
Tom Daschle, líder da maioria democrata (de oposição) no Senado, criticou Bush por não ter tomado atitudes mais duras. "Não basta discutir contabilidade. É preciso agir", afirmou.
Para Daschle, o governo dos EUA (republicano) mantém uma relação "permissiva" com as grandes corporações do país. O líder democrata pediu a cabeça do presidente da SEC, Harvey Pitt, indicado por Bush.



Texto Anterior: Acionistas pedem que executivos não vendam ações
Próximo Texto: Artigo: Presidente apega-se a mudanças menores
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.