|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRISE NA AMÉRICA LATINA
Presidente diz que, se sociedade e políticos não se unirem para refundar o país, tudo estará perdido
Duhalde vê Argentina "à beira do precipício"
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
Os argentinos lembraram ontem o aniversário de 186 anos da
Independência do país sem motivos para comemorar. Enquanto o
presidente Eduardo Duhalde admitiu que a Argentina "está à beira do precipício", milhares de manifestantes se reuniram na praça
de Maio (centro de Buenos Aires)
para pedir a renúncia do presidente e o fim das negociações
com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Durante discurso na Província
de Tucuman (norte) -onde foi
decretada a Independência-,
Duhalde disse que "o país está em
perigo". Em tom catastrófico, ele
disse que, "se todos os setores sociais e políticos não escutarem as
reclamações da pátria e do povo
para refundar o país, tudo estará
perdido".
O presidente voltou a responsabilizar os governos anteriores pela
crise. "Acumulamos anos de políticas equivocadas que nos levaram a uma situação crítica de que
só podemos sair juntos."
Ele pediu aos políticos que "deixem de lado suas ambições" porque a Argentina "necessita recuperar a vida institucional" por
meio das eleições marcadas para
março. "Quero pacificar uma sociedade que elegeu a violência e
conduzi-la até uma nova eleição."
Enquanto Duhalde discursava
na Casa de Tucuman, milhares de
pessoas protestavam do lado de
fora do edifício contra a presença
do presidente na Província.
A manifestação mais representativa voltou a acontecer no centro de Buenos Aires. Diversos setores da sociedade pediram uma
"segunda e definitiva independência do país".
Assim como em outras manifestações que sucederam os conflitos com a polícia que deixaram dois piqueteiros mortos há duas semanas, um forte aparato policial composto por mais de 2.000 homens foi destacado para garantir a segurança. A polícia revistou os manifestantes a caminho da praça de Maio. Não foi registrado
nenhum incidente.
Suspense
O governador de Santa Fé, Carlos Reutemann, manteve ontem o suspense e não confirmou se será um dos candidatos do Partido Justicialista (peronista, de Duhalde) à Presidência.
Duhalde e outros setores do partido que não mantêm boas relações com o ex-presidente Carlos Menem (o outro forte candidato peronista) esperavam que o governador viajasse a Tucuman ontem para anunciar sua candidatura. No entanto a viagem foi cancelada por "problemas hidráulicos" no avião de Reutemann.
Texto Anterior: Mercado financeiro: Taxa de risco-país do Brasil recua 4,5% Próximo Texto: BID promete adiar vencimento de dívida Índice
|