São Paulo, quarta-feira, 10 de julho de 2002

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CRISE NA AMÉRICA LATINA

Presidente diz que, se sociedade e políticos não se unirem para refundar o país, tudo estará perdido

Duhalde vê Argentina "à beira do precipício"

JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES

Os argentinos lembraram ontem o aniversário de 186 anos da Independência do país sem motivos para comemorar. Enquanto o presidente Eduardo Duhalde admitiu que a Argentina "está à beira do precipício", milhares de manifestantes se reuniram na praça de Maio (centro de Buenos Aires) para pedir a renúncia do presidente e o fim das negociações com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Durante discurso na Província de Tucuman (norte) -onde foi decretada a Independência-, Duhalde disse que "o país está em perigo". Em tom catastrófico, ele disse que, "se todos os setores sociais e políticos não escutarem as reclamações da pátria e do povo para refundar o país, tudo estará perdido".
O presidente voltou a responsabilizar os governos anteriores pela crise. "Acumulamos anos de políticas equivocadas que nos levaram a uma situação crítica de que só podemos sair juntos."
Ele pediu aos políticos que "deixem de lado suas ambições" porque a Argentina "necessita recuperar a vida institucional" por meio das eleições marcadas para março. "Quero pacificar uma sociedade que elegeu a violência e conduzi-la até uma nova eleição."
Enquanto Duhalde discursava na Casa de Tucuman, milhares de pessoas protestavam do lado de fora do edifício contra a presença do presidente na Província.
A manifestação mais representativa voltou a acontecer no centro de Buenos Aires. Diversos setores da sociedade pediram uma "segunda e definitiva independência do país".
Assim como em outras manifestações que sucederam os conflitos com a polícia que deixaram dois piqueteiros mortos há duas semanas, um forte aparato policial composto por mais de 2.000 homens foi destacado para garantir a segurança. A polícia revistou os manifestantes a caminho da praça de Maio. Não foi registrado nenhum incidente.

Suspense
O governador de Santa Fé, Carlos Reutemann, manteve ontem o suspense e não confirmou se será um dos candidatos do Partido Justicialista (peronista, de Duhalde) à Presidência.
Duhalde e outros setores do partido que não mantêm boas relações com o ex-presidente Carlos Menem (o outro forte candidato peronista) esperavam que o governador viajasse a Tucuman ontem para anunciar sua candidatura. No entanto a viagem foi cancelada por "problemas hidráulicos" no avião de Reutemann.



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