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São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 2003

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Cobrado no exterior, Furlan diz que "fase dois está aí"

DO ENVIADO ESPECIAL A LISBOA

Cobrado até no exterior, o "espetáculo do crescimento" do país prometido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva está prestes a começar.
"Permeia toda a equipe de governo a sensação de que a fase dois está aí", antecipa Luiz Fernando Furlan, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Furlan está em Portugal desde a última segunda-feira, participando de seminários e conversando com empresários portugueses.
Foi de um deles, da EDP (Eletricidade de Portugal), que ouviu o desejo de "uma sinalização concreta" de que o crescimento da economia brasileira já esteja a caminho.
Furlan diz a todos o que repetiu ontem aos jornalistas: "O presidente concordou, no primeiro semestre, com medidas que não são bem do ideário dele, mas tem essa inquietude, essa vontade de realmente apostar no crescimento".
A sensação de que a fase dois é iminente se deve ao fato de que o arrocho dos primeiros seis meses deram resultados até superiores aos esperados, em termos de estabilizar a economia, nas contas de Furlan.
Não só do ministro do Desenvolvimento, aliás. Furlan conta que perguntou a seu colega da Fazenda, Antonio Palocci Filho, se ele esperava que, em junho, pudesse se chegar à estabilidade agora registrada, "com inflação próxima de zero".
Palocci respondeu que não, que os resultados "estão muito acima do esperado", segundo o relato de seu colega de ministério.
Por isso mesmo, a queda dos juros, precondição para o "espetáculo do crescimento", continuará e de forma consistente, sempre na avaliação de Furlan.
"Ninguém duvida de que os juros vão continuar caindo. A única dúvida é quanto à velocidade da queda", afirma o ministro.

Sem pacote
Que ninguém espere, no entanto, um "pacote" como foguetório de lançamento do "espetáculo". Sites on-line chegaram ontem a especular, a partir de comentários de Furlan, que haveria um pacote desenvolvimentista a partir do dia 17 deste mês.
Não há. O que há, sempre segundo o ministro do Desenvolvimento, são medidas pontuais, um conjunto de anúncios que "nem chegam a ser notícia nova", mas que "sinalizam claramente o início da fase dois".
As medidas transitam muito mais pela microeconomia do que pela macro. Exemplo: financiamento de R$ 2,5 bilhões para renovação da frota de caminhões, discutido com sindicatos do setor.
Furlan acredita que o crédito abrirá caminho para que de 12 mil a 15 mil caminhões a mais sejam vendidos por ano.
Haverá também anúncios relativos a investimentos públicos, nas áreas de energia e de rodovias (parte deles já feitos pela ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff).
O único grande movimento macro seria o aumento do orçamento do BNDES dos atuais R$ 34 bilhões para R$ 47 bilhões no ano que vem.
O conjunto de medidas tem um efeito psicológico, além de pontual: "Trata-se de demonstrar que o arrocho funcionou e que vamos afrouxar um pouco, para motivar o setor privado e, ao mesmo tempo, demonstrar que o governo está preocupado em reduzir ou eliminar gargalos tanto para os transportes como na área de energia", diz Furlan.
(CLÓVIS ROSSI)


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