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TRIBUTOS
Abertura de contas, psicanalistas, academias e coleta de sangue passam a ser tributados pelos municípios
Senado amplia base
de cobrança do ISS
para 208 serviços
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O aumento do número de serviços que passarão a pagar o ISS
(Imposto sobre Serviços) -aprovado ontem pelo Senado com garantia de sanção pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva- pode
pesar no bolso do consumidor.
Passarão a ser tributados da movimentação de contas bancárias à
consulta a psicanalistas: mais de
cem serviços entraram na base do
imposto -totalizando 208 serviços- e serão taxados em até 5%.
O economista-chefe da Febraban (Federação Brasileira dos
Bancos), Roberto Troster, disse
que a decisão do Senado representa aumento do custo das instituições financeiras. O repasse do
tributo aos consumidores, no entanto, dependerá da estratégia de
cada banco, observa.
O setor bancário é um dos atingidos pelo projeto. Passarão a recolher o ISS serviços hoje isentos
como a abertura e a manutenção
de contas, a inclusão ou a exclusão do cadastro de emitentes de
cheques sem fundos, consulta de
contas em terminais, por telefone
ou pela internet, fornecimento de
cartões e compensação de cheques ou mesmo sua emissão.
Como o aumento do número
dos serviços bancários taxados foi
um dos pontos mais polêmicos
do projeto, devido ao lobby mais
organizado, o governo se comprometeu a fazer um estudo mais
detalhado e eventualmente propor correções por nova lei.
Resultado de negociação de prefeitos com o governo federal, a
ampliação da base de cobrança do
ISS deverá dobrar a arrecadação
das prefeituras num período de
três a quatro anos. Essa é a expectativa da CNM (Confederação
Nacional dos Municípios). Em
2002, os municípios arrecadaram
R$ 7,3 bilhões com o imposto, o
mais importante das cidades.
O presidente da CNM, Paulo
Ziulkoski, disse que é difícil prever o repasse aos preços decorrente do eventual aumento do
custo dos serviços. Mas alega que
vários serviços vão ter reduzida a
carga de impostos municipais. Isso porque alguns municípios cobram alíquotas de até 30% de ISS
atualmente, e o projeto aprovado
ontem fixa em 5% o teto para a
cobrança do imposto.
A atual base de cobrança do ISS
foi definida, em grande parte, há
35 anos, por meio de decreto-lei.
Naquela época, parte dos serviços
prestados hoje nem sequer existia, como os serviços de informática. Os serviços de assessoria e
consultoria, assim como o processamento de dados, a elaboração de programas e a manutenção
de páginas na internet vão passar
a recolher o tributo municipal.
A ampliação da base começou a
ser discutida em 1989, a partir de
projeto do então senador Fernando Henrique Cardoso. Em março,
durante marcha de prefeitos em
Brasília, a proposta dos municípios obteve apoio do ministro
Antonio Palocci Filho (Fazenda).
O projeto foi incluído na pauta da
convocação extraordinária do
Congresso. Como era a última
etapa de votação, ele segue agora à
sanção do presidente Lula.
A cobrança sobre novos serviços e o limite para as alíquotas devem entrar em vigor no início do
ano que vem -ano de eleições
municipais.
Serviços de educação (da pré-escola à universidade) e de saúde
foram incluídos na base do ISS.
Perderão a isenção serviços farmacêuticos, de terapia de qualquer espécie, consultas ao psicanalista, a coleta de sangue e até
academias de ginástica e centros
de emagrecimento.
LEIA MAIS sobre os novos impostos na
Folha Online
www.folha.com.br/dinheiro
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