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São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 2003

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Juros reais sobem com inflação menor e podem frear economia

DA REPORTAGEM LOCAL

A deflação é uma boa e uma má notícia para o governo. A boa notícia é que há espaço para reduzir os juros. A má é que deflação ou queda da inflação aumenta os juros reais e, portanto, mesmo que os juros nominais caiam, podem não ser um grande estímulo para reaquecer a economia.
Se o BC baixar as taxas de juros, mas a queda da inflação fizer com que os juros reais fiquem estáveis, haverá pouco incentivo para que, por exemplo, os empresários decidam se endividar para aumentar a produção.
Para tomar um empréstimo, as empresas levam em consideração a taxa de juros que pagarão por ele e a inflação do período. Quando há deflação, os juros reais aumentam. Não porque a taxa de juros seja alterada, mas simplesmente porque o dinheiro passa a valer mais: se houver deflação em julho, R$ 100 serão suficiente para comprar mais coisas em agosto do que hoje.
Para quem deve dinheiro, isso significa que, na prática, suas dívidas aumentaram: uma pessoa ou empresa que deve pagar um empréstimo daqui a um mês, caso haja deflação, estará abrindo mão de comprar mais coisas do que o faria se não tivesse ocorrido queda nos preços.
A deflação também pode dificultar o reaquecimento da economia diminuindo a confiança dos empresários. Quando um empresário decide produzir determinado número de mercadorias, ele toma a decisão levando em conta o preço de mercado previsto para o produto. "Se os preços caem, em tese, a empresa terá que vender mais produtos para receber o mesmo que antes, ou faturar menos do que o previsto", explica o economista Fernando Cardim, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro)


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